sexta-feira, janeiro 18, 2008

O fantasma da Febre Amarela

Uma dupla mortal

Haemagogos e Aedes aegypti

A ameaça da dengue e a possibilidade de reurbanização da febre amarela são os mais graves problemas de Saúde Ambiental e da Atenção Primaria a Saúde, no Brasil, e em grande parte dos países tropicais. O vírus da dengue e da febre amarela são do mesmo tipo, um flavivírus, mas os vilões dessa tragédia, que matou milhares de pessoas no mundo, são principalmente dois mosquitos: o Haemagogos das matas e zonas de fronteira agrícola, e o Aedes aegypti, adaptado as cidades. Os dois juntos podem migrar o vírus da febre amarela das zonas silvestres para as cidades, formando uma dupla mortal.

Trata-se de uma doença zoonótica: enfermidades que acometem animais e pode ser transmitidas ao homem. Já temos um surto nas matas e estamos diante da terrível ameaça, representada pela possibilidade do vírus da febre amarela se propagar com o Aedes aegypti. Para que isto ocorra, é necessário que uma pessoa contaminada pela febre amarela, entre três e cinco dias, seja picada por um Aedes aegypti, e este, infectado, transmita para o homem, tornando-o um agente transmissor. Nessa caso, a febre amarela passaria a ser transmitida da mesma forma que a dengue, no ciclo homem x Aedes aegypti x Homem.

Haemagogos

Para entender e combater a febre amarela, portanto, é fundamental, entender e combater a dengue. A febre amarela foi extinta das áreas urbanas desde 1942, mas é uma doença muito conhecida dos Povos da Floresta e pode matar adultos e principalmente crianças com facilidade, provocando uma infecção bem mais severa que a dengue, por isso, dos cinco primeiros casos confirmados no Brasil, só uma pessoa sobreviveu.

Aedes aegypti

Por isso, só estaremos seguros se vencermos a batalha contra o Aedes aegypti, apesar do clima favorável e das dificuldades de controle. Mas já se vão cinco séculos e a dengue está aí, firme e forte com 563.000 casos no último ano. Nesse período, o Mato Grosso do Sul registrou o recorde nacional de mais de 100.000 infecções, seguidos do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A dengue aumentou 203% no centro-oeste e 209,04% no sul; foi reduzida em 46,9% no sudeste e em 53% no norte e no nordeste manteve os índices.

A Bahia é o quarto estado em números de infecções no nordeste, com 1143 casos. A Bahia registrou 2.600 casos de dengue em 2007 e já foram constatados focos em 174 dos 417 municípios. No sul da Bahia, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, as cidades de Itabuna, Ilhéus e Coaraci, têm o maior número de notificações com duas mortes, uma em Ilhéus e outra em Canavieiras.

Quem precisa ser vacinado?

Vacina eficiente nós temos, nós que inventamos e exportamos pro mundo inteiro, mas isoladamente, vacina não é solução definitiva. Primeiramente, porque a vacinação tem contra-indicações: crianças até seis meses e até um ano com maior risco de efeito colateral, qualquer imunodeficiente, como os portatodares do hiv, pacientes de quimioterapia e radioterapia, os alérgicos a ovo, gelatina e a antibióticos eritommicina e Kanmicina, os que fazem uso de corticóides, etc. Também há restrições para os doadores de sangue. Depois, a reurbanização da febre amarela em tempos de globalização, traria prejuízos imensuráveis ao país.

Turistas goianos oferecem
alto risco ao sul da Bahia.

Até o momento, a orientação do governo é que sejam vacinadas, os moradores das áreas de alto risco e os que vão viajar para esses locais: as regiões de mata e cerrado de Goiás, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. Ontem (18.01.07), o Jornal Nacional (TV Globo) transmitiu essa orientação, só não frisaram a importância da vacinação dos que vão viajar para outras regiões. E é justamente isto que nos preocupa.

Apesar do sul da Bahia está em área de risco intermediário, já é sabido que nossa situação é de alto risco. Isto porque, o sul da Bahia é a principal opção de turismo de praia para os goianos, e todos os casos registrados até o momento foram de pessoas que viajaram para a zona de mata de Goias. Além do mais, é complicado e difícil monitorar se os nossos turistas estão ou não vacinados. Dependemos muito de campanhas de esclarecimento, especialmente através dos meios de comunicação. E é sempre bom lembrar que a vacina só tem validade por 10 anos e que ela deve ser tomada pelo menos 10 dias antes da viajem, para que imunização ocorra.

Mais informação:

Pragas.com - Escola 24 Horas - FIOCRUZ

3 comentários:

Anônimo disse...

Preocupa-me a informação de que Coaraci é estatística,pois nem sempre a pessoa infectada é notificada pelos osgãos competentes.Precisamos mais cuidado.

Sistema OCB/SESCOOP-GO disse...

O surto de febre amarela em questão, que está ocorrendo no Estado de Goiás e outras regiões do centro oeste é a febre amarela silvestre, que ocorre com a contaminação do macaca e depois acaba sendo transmitida ao homem atraves do mosquito.. Portanto não é preciso temer os " goianos", pois a febre amarela urbana (caracteriza-se por transmissão de pessoa infectada para outra) não ocorre no Brasil desde 1943. É isso..

Anônimo disse...

Fábio, não apenas os goianos, mas vários estados e mais de 6.500.000 pessoas vivem sob a ameaça da febre amnarela, como foi divulgado pelas autoridades ontem.

Goias é um maravilhoso estado e goianos são muito bem vindos. Mas temos que reconhecer que as contaminações registrados até o momento originaram-se na zona de mata e zonas de fronteira agrícola de Goias.

De fato, parece pejorativo a forma como nos referimos ao risco que goianos oferecem ao sul da Bahia. Mas o que queremos é alertar as autoridades para a vacinação em áreas de alto risco, evitando que uma pessoa contaminada, entre em em contato com o Aedes egypti que é um problema aqui no sul da Bahia.

Sabemos que não há surto em zona urbana e sim da febre amarela silvestre, mas devemos nos unir para que o vírus não chegue as cidades, em qualquer lugar do país.

Obrigado pela sua participação.