quinta-feira, outubro 30, 2008

O vazamento de óleo e o Litoral Sul da Bahia

No mesmo dia em que apareceu na Orla Central de Ilhéus, o óleo foi completamente removido. Já Itacaré não teve a mesma sorte, pois o vazamento atingiu as pedras de seu litoral. A origem do mais sério vazamento de óleo a atingir o Sul da Bahia ainda precisa ser esclarecido, sobretudo, no momento em que o governo pretende implantar um Complexo Portuário e a PETROBRÁS, plataformas de exploração. Conhecer todos os fatores relacionados a esse acidente é a certeza impoderável que poderá nos ajudará a previnir desastres ecológicos no futuro.

O acidente que provocou o lançamento de óleo no litoral sul da Bahia e o seu aparecimento em praias do Morro de São Paulo, Maraú, Itacaré, e, principalmente na Orla Central de Ilhéus precisa de uma apuração rigorosa. Quem regulamenta e determina os procedimentos a serem adotados, nestes casos, é a LEI Nº 9.966, de 28 de abril de 2000, que “Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências”.

O fato foi registrado por nossa reportagem, e protocolado no IBAMA Regional de Ilhéus em nome da Associação Pró-Vida Silvestre, para que o acidente seja devidamente investigado.
De início, todos os procedimentos foram adotados, pois, como determina a lei, o primeiro órgão a identificar um episódio dessa natureza, deve acionar os demais: Prefeitura Municipal, PETROBRÁS, Capitânia dos Portos, Marinha e os Órgãos Ambientais, Estadual e Federal.

As providencias foram de uma celeridade indiscutível. No final do mesmo dia 30 de outubro, não mais existia nenhum vestígio do óleo na praia da Avenida Soares Lopes, confundindo até mesmo algumas emissoras de TV que contatamos. Por isto, evidentemente, parabenizamos os órgãos envolvidos na na retirada imedita do óleo dos locais atingidos, e a ação do IBAMA, que realizou a coleta de material em Ilhéus e demais localidades atingidas. A análise do material é o único meio de identificar a origem do vazamento.

Itacaré não teve a mesma sorte, pois o óleo atingiu as pedras das praias, onde uma equipe da PETROBRAS está encontrando difuldades para a sua remoção e o impacto está sendo bem maior. No entanto, queremos alertar que a limpeza dos resíduos, não pode e não deve mascarar o direito que a sociedade tem de acompanhar os demais procedimentos pertinentes, como a atribuição a origem do acidente, medidas preventivas, etc., como prevê a legislação, para que não haja “a negligência ou omissão dos órgãos públicos na apuração de responsabilidades”.
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A praia da avenida amanheceu limpa, apenas uma única pequenina mancha restou. Itacaré continua sofrendo com os impactos ambientais mais visíveis. Esperamos que esse acidente nos faça enfrentar as causas desse vazamento como um sinal de alerta, para uma apuração completa e transparente.
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Quem deve comandar esta apuração é a Procuradoria-Geral da República, que “comunicará previamente aos ministérios públicos estaduais a propositura de ações judiciais” e só este acompanhamento poderá tornar claro a sociedade o acompanhamento transparente da origem dos fatos, a que tipo de ineficiência de pessoa física ou jurídica ele pode ser atribuí, e, sobretudo, que responsabilidades devem ser instauradas para que medidas preventivas sejam adotadas.

É aí que reside a preocupação da denúncia da Associação Pró-Vida Silvestre. Queremos exigir uma apuração transparente para compreender os riscos ambientais implícitos nestas atividades. Pouco sabemos sobre esse acidente e nenhum direito a informação pode ser negada a sociedade, pois isto pode gerar manipulação e impunidade.
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Quanto a remoção do material, por exemplo, a lei determina também a correta destinação, já que o material é altamente poluente. Queremos e devemos saber tudo o que está acontecendo neste vazamento, sem precendentes no litoral sul da Bahia. Por isso é tão importante que a imprensa cumpra sua função de investigação e defesa dos interesses da sociedade.
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Foto de Jadson Smith
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Com o que devemos nos preocupar?

Não queremos fazer alarde em vão, mas é fundamental que este episódio seja apurado na conformidade da lei e com transparência pública por algumas razões muito sérias.

Primeiramente, estamos falando de um litoral de grande importância ambiental, reconhecido pelo viés da ecologia e do turismo em áreas naturais conservadas. O Brasil e o mundo já relacionam essa região aos recordes de biodiversidade da Mata Atlântica, as grandes extensões de manguezais preservados, aos arquipélagos de rara beleza, a salvação de espécies marinhas ameaçadas como o Mero-canapú, a baleia Jubarte e as tartarugas marinhas ou pelo maior Banco de Corais do Atlântico Sul.

A PETROBRÁS, por sua vez, uma das empresas mais importantes do mundo em sua área de atuação, promulga nacionalmente seu alto nível tecnológico e sua responsabilidade sócio-ambiental; e está apenas iniciando prospecções e estudos para exploração de petróleo nesse precioso litoral. Ao mesmo tempo, o governo federal pretende instalar neste mesmo cenário ecológico, um grande porto, também fundamental para o desenvolvimento econômico nacional, onde se pretende receber “embarcações de grande porte”.

Portanto, esse vazamento, não deve ser compreendido como mais um caso isolado, que possa ser minimizado, mas certamente, como um sinal de alerta para a sociedade seja informada, efetivamente, sobre os riscos e impactos que podem ser gerados por esses empreendimentos, atendendo assim a Legislação Ambiental Brasileira, consagrada pela sociedade civil e reconhecida como uma das mais completas e aperfeiçoadas do mundo.

Num litoral de alto valor ecológico, a exploração petrolífera, atividades portuárias e o transporte naval comercial e turístico, precisa atender a todas as normas ambientais e a sociedade precisa estar informada. Este acidente, ainda sem respostas deve sinalizar para o que pode vir a acontecer com o litoral sul da Bahia, seus recursos naturais e sua população, como já aconteceu em outros lugares do Brasil e do mundo, caso fiquemos passivos diante dos fatos.

Poucas notícias e nenhuma explicação até o momento. Cabe a Procudoria Geral da República e ao Ministério Público aplicar a lei e dar respostas a sociedade regional, nacional e internacional, sem o que, só podemos dar razão aos conservacionistas mais radicais que opõem-se aos projetos do governo para um litoral que é considerado um dos mais bem conservados do planeta.

"O Instituto do Meio Ambiente informou que o vazamento de óleo encontrado no final de semana na Praia de Guaibim, município de Valença, já está sendo removido. Os técnicos acreditam que o vazamento foi causado durante lavagens de tanques de navios, que costumam acontecer em alto mar". Link Rádio Metrópole FM: Óleo já está sendo removido das praias de Morro de São Paulo, Barra Grande e Ilhéus
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PIMENTA NA MUQUECA:
PIMENTA NA MUQUECA:
A TARDE ON LINE:
O ESTADO DE SÃO PAULO:
AGÊNCIA G1 - GLOBO:
IMPRENSA LIVRE: Geraldinho Alves:

quarta-feira, outubro 29, 2008

Vazamento de óleo atinge Litoral de Ilheús

Uma grande mancha de óleo atingiu as praias de Ilhéus na manhã de hoje, depois de notícias semelhantes no Morro de São Paulo, Maraú e Itacaré. Em Ilhéus, a principal praia da cidade, localizada na Avenida Soares Lopes, mostrou a gravidade deste acidente numa proporção nunca vista antes.

O óleo ainda está chegando a toda a extensão da praia e a denuncia está sendo protocolada pela Associação Pró-Vida Silvestre na sede regional do IBAMA e comunicada a Linha Verde do IBAMA-DF, à PETROBRÁS e demais autoridades regionais e nacionais, além da imprensa.

Buscamos informações na imprensa com vistas a obter pistas do que possa ter ocorrido. Se houvera algum problema com embarcações ocorrido em outro ponto do litoral, se o responsável é algum navio que aportou no Porto Internacional do Malhado (Ilhéus) ou se este vazamento está diretamente relacionado com a prospecção que a PETROBRÁS está realizando no litoral Sul da Bahia, em Itararé e Ilhéus.

Não encontramos respostas seguras, mas estaremos atentos a todas as questões relacionadas com esse vazamento de óleo, para que sejam tomadas as providencias devidas relacionadas com a identificação das responsabilidades, avaliações preventivas de possíveis impactos ambientais sobre o ecossistema marinho, praias e manguezais, considerando que se trata de uma região de delicado equilíbrio ecológico, e área de influência do maior e mais rico Banco de Corais do Atlântico Sul, localizado em Abrolhos, bem como possíveis danos causados às famílias de pescadores artesanais.

Pedimos a colaboração e a imediata ação de todos os órgãos ambientais, ambientalistas e imprensa para acompanhar de perto sua apuração de tais focos de risco ambiental, sobretudo, quando a PETROBRÁS inicia prospecção de reservas nessa região e quando está previsto a implantação de um novo complexo portuário, pois como sabemos e reafirmamos, trata-se pois, de garantir a segurança ambiental numa das áreas ecologicamente mais importantes para a preservação da biodiversidade, que inclui o maior remanescente da Mata Atlântica do nordeste, e a proteção de espécies marinhas ameaçadas de extinção como a Baleia Jubarte e tartarugas marinhas. (veja reportagem sobre tartarugas)

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Parte do óleo ainda está chegando à praia.

Notícia Relacionada a esse assunto:

Mais de 800 litros de óleo recolhidos em Ilhéus

Vazamento de óleo em Valença pode ter sido liberado de navio em alto-mar

Associação Pró-Vida Silvestre

segunda-feira, outubro 27, 2008

Pesca de Calão

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A pesca de Calão é das atividades mais tradicionais de Ilhéus, e assegura uma grande rede de tradições culturais dos grupos sociais mais pobres. Sabemos que a exclusão histórica que a sociedade de classe e a ordem econômica dominante impuseram a grande parte da população encontrou na pesca artesanal em rios, lagoas e manguezais, um elo de preservação cultural e união solidária passado de geração em geração.

O Brasil tem 9.198 km de litoral e a pesca artesanal de canoas, cerco, calão e mariscagem cumprem uma importante função contra a exclusão econômica e social. No sul da Bahia e em Ilhéus, onde grande parte da população sofre com a ausência de condições adequadas de sobrevivência não é diferente. É do mar e dos recursos naturais da plataforma costeira que centenas de famílias buscam sustentação e complementação alimentar.
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A pesca de calão é tradicional em Ilhéus, e se mantém hoje, especialmente na praia do Malhado, em função dos Manguezais da enseada do Rio Almada. Como já falamos na reportagem Pesca Artesanal em Ilhéus, esta modalidade de pesca vive na informalidade, e sem reconhecimento formal. Os pescadores se valem dos códigos pesqueiros nacionais, segundo os quais as águas territoriais brasileiras são propriedade comum de livre acesso.

Mas deixando de lado os importantes aspectos da conservação e manejo do estoque pesqueiro, já que, segundo o Greenpeace, 80% das espécies marinhas estão em extinção; e ainda a afirmação da IUCN, que as populações pobres do Terceiro Mundo não são consideradas capazes de manter o luxo da conservação dos recursos, queremos centrar este artigo no grande exemplo de união e solidariedade e união que eles nos ensinam.

A pesca de calão, um tipo de rede de cerco de águas rasas operado por oito pescadores em canoas de 6 a 10 metros, é o foco histórico da economia rural marítima na Bahia. A renda gerada por esta pesca filtra-se através dos circuitos da vizinhança. Uma rede de calão de 200 a 300 metros de comprimento normalmente representa o investimento de todas as economias de um mestre. Poucas redes são compradas novas e são freqüentemente herdadas em vários estágios de uso, necessitando de concertos contínuos. Possuir tal rede é a mais alta aspiração de um pescador e demonstra a marca de um status social elevado.

Quando os canoeiros vão jogar a rede, geralmente muito cedo, às 5 ou 6 horas da manhã, dezenas de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, que já não moram mais nos lotes urbanos das praias, descem os morros do Alto do Amparo, Alto do Coqueiro, dentre outros, e vão para a praia à espera do milagre da solidariedade. Os negócios são feitos ali mesmo, uma parte é tirada e outra dada a comunidade, a esperança vence o cansaço e uma única rede, pode levar peixe a mais de 300 pessoas.

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Este artigo utilizou elementos da excelente pesquisa Marginalidade Social e Apropriação Territorial Marítima na Bahia”, realizada por John Cordell.

______________ Alguns trechos de sua pesquisa:

Na vizinhança das comunidades de pescadores as pessoas se esforçam para se dissociar do estigma da exclusão social. No Brasil, ser visto como “marginal” não significa somente ser pobre e sujo, mas também ignorante, sofrer de ausência de caráter e, possivelmente, criminoso. (cf.Pearlman, 1973) A maioria dos pescadores recusa esse estereótipo. Eles conseguem transformar essas limitações sócio-econômicas em formas compensatórias de liberdade de conduta e expressão.

Isso não significa que os pescadores escapem totalmente do processo de marginalização. As famílias de tempos em tempos passam fome ou ficam adoentadas. Uma psicologia de oportunismo caótico perpassa algumas favelas, onde para se conseguir alguma coisa outros devem arcar com os custos.
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Muitas adaptações positivas se desenvolveram nas comunidades de pescadores que, ao menos, parcialmente compensam as pressões da escassez e da exclusão social. Através de cadeias de relacionamentos pessoais e de parentesco, os pescadores apoiam-se mutuamente. Cooperação e reciprocidade combatem a escassez de alimentos, ajudam a construir as habitações, o provimento de remédios e de roupa, e facilitam a necessidade constante de reparo nas embarcações.
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Assim como a marginalidade tem o potencial de criar caos econômico, espalhar sofrimento e rupturas na comunidade, pode também incentivar ações coletivas inovadoras e adaptativas.(Lobo, 1982; Lomnitz, 1977; Pearlman, 1973).

domingo, outubro 26, 2008

Fernando Gabeira


e a política inteligente !
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Hoje é dia do segundo turno das eleições para prefeito em muitas das grandes cidades brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo turno, já é, por si só, oportunidade de termos uma pleito eleitoral mais refletido, mais disputado, com maior espaço para o debate e uma melhor qualidade final do voto.

O ambiente da política partidária não é o objetivo do jornalismo que praticamos no Acorda Meu Povo, mas a política é sim a religião da pátria, assim como as verdades eternas é a religião de Deus, como afirmara o ilustre médico, político e espírita brasileiro Bezerra de Menezes, falecido em 1900. Por isso, pouco me importa se é o PT, o PSDB ou o PSB, me importa sim, quem é o candidato e o que ele pensa.

E para falar um pouco dessa "religião da pátria", onde ela nem sempre é entendida como um meio de compreensão e de amizade entre os homens que buscam o bem comum, acima dos interesses pessoais e julgamentos passionais, resolvi dar um testemunho pessoal sobre Fernando Gabeira, um homem que norteou meus caminhos profissionais, e hoje disputa a prefeitura do Rio de Janeiro pela coligação PV, PSDB e PPS.
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Além dos valores que me foram passados pela minha família, devo afirmar, que a liberdade de pensamento que encontrei na faculdade de jornalismo, o contato com o livro de Gabeira, recém chegado do exílio, intitulado Sociedade Alternativa e o contato com a verdade Povos da Floresta nortearam os caminhos que sigo até hoje.

Era 1986, e um pequeno livro de bolso me tocou profundamente. Sociedade Alternativa trazia a experiência inovadora do pensamento do Partido Verde da Alemanha. Naquela época participei de um seminário da Faculdade Cândido Mendes, onde os anfitriões eram alguns membros desse partido. Ali eu iniciava minhas anotações ao ouvir o Gabeira, o Carlos Minc, o Perfeito Fortuna e vários outros, revelarem ansiosamente, seus desejos por um novo pensar, um novo conceito de sociedade e por um novo paradigma de desenvolvimento.

Reciclagem, Energia Limpa, Preservação Ambiental, Cultura Solidária, Policia Comunitária, Moradores de Rua, e naquele debate, havia espaço para pensar toda ordem de mudanças necessárias para transformar o mundo em que vivemos. Era o começo do que hoje se tornou o cotidiano do legislar, do noticiar, do marketing das empresas e bancos, e também do discurso político. Não só de meus caminhos, portanto, Fernando Gabeira foi precursor, mas dos novos ventos da racionalidade e da ética solidaria com as novas gerações, e dos bons caminhos para o Brasil.

Gabeira foi muitas vezes atacado, e até ironizado, criando-se um mito de futilidade a sua imagem, mas esse lúcido senhor da melhor idade, mesmo morando num país de pouca memória, já havia se tornado um personagem histórico intocável.

Eleito com grandes votações em todas os pleitos que concorreu ao legislativo, tornou-se então, uma referência no zelo da Ética na administração pública. Gabeira só não teve ainda, a chance de atuar no executivo, de ser presidente, governador ou prefeito. Mas, a cidade mais bela do mundo, tem hoje a chance de eleger esse grande homem, pioneiro dos novos paradigmas, como seu prefeito.

"Vai ser uma disputa apertada como uma corrida de cavalos, e espero vencer por um nariz", pois, "a cidade do Rio sempre reserva surpresas, e eu sou apenas um cavalo".
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Não estou no Rio para lhe dar meu voto de consciência cidadã e de agradecimento as crenças que me fez antever. De toda sorte, já é um grande merecimento para os eleitores cariocas, na cidade palco da resistências políticas contra o poderio das classes dominantes, poder optar por Fernando Gabeira. Que cidade não gostaria de tê-lo como prefeito? E afinal, o Rio de Janeiro merece isto, pois como versa Caetano Veloso: “Vivemos na melhor cidade da América do Sul” e o Brasil vai enxergar mais e viver melhor se o Rio decidir tornar-se novamente, referência nacional da política inteligente.
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Paulo Sérgio Paiva - Jornalista
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O Blog do Gusmão também publicou diversas reflexões e vídeos sobre a campanha de Gabeira a prefeito do Rio de Janeiro:

sábado, outubro 25, 2008

Pesca Artesanal em Ilhéus

A pesca artesanal, informal e fora das estatísticas oficiais ainda é um meio de sobrevivência para centenas de famílias em Ilhéus. São pessoas simples, sem acesso ao mercado de trabalho formal que escapam da miséria e encontram dignidade e independência na pesca realizada com canoas, pequenos barcos e redes, construídas com as próprias mãos, da mesma forma e utilizando as mesmas técnicas como se fazia no passado longínquo.
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Ilhéus tem relações profundas com a pesca artesanal, que resistiu de forma extraordinária ao progresso. Alguns dos principais e mais antigos bairros de Ilhéus, o Malhado e o Pontal eram, originalmente, bairro de pescadores. E mesmo que a sociedade de classes lhes tenha negado o direito de serem proprietários de terras e terem perdido seus lotes urbanos, ainda assim, não perderam sua relação com o mar. Tanto que, as duas maiores Colônias de pescadores da Ilhéus, a Z19 e a Z34 estão localizadas nesses bairros.
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Mesmo perdendo seus lotes de terra, e tendo a força da urbanização contra eles, como a construção do Porto Internacional do Malhado, os pescadores artesanais resistem heroicamente na cidade de Ilhéus e reafirmam suas tradições.

Abandonados a própria sorte e fora das esferas institucionais oficiais de pesca e manejo pesqueiro, os pescadores artesanais continuam ligados a uma imagem de primitivismo e ineficiência, e hoje vivenciam o problema da diminuição do pescado pelo excesso de esforço na plataforma continental.
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O vice-presidente da Colônia de Pescadores Z34, Márcio Barbosa explica que a saída é investir em recursos tecnológicos para que esses pescadores possam pescar além da plataforma, aumentando a capacidade de pesca, e assim, reduzir a pressão sobre os estoques, cada vez menores.
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Um dos muitos pescadores artesanais que tem como referência a praia do malhado é Jacson Anacleto, um filho de pescadores que superou a exclusão social de seu povo, estudou e se tornou funcionário público estadual, mas não abandonou a atividade por amor e um sentimento de preservação aos valores tradicionais que herdou de sua família. Por isso, nos seus horários livres, dedica-se pacientemente a confeccionar suas próprias redes, e recentemente, construiu seu próprio barco.
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Jacson reafirma que é importante dar meios para que os pescadores artesanais se profissionalizem e realizem a pesca continental, mas segundo ele, "o aprendizado começa na pesca artesanal, é onde nossos mestres são formados e onde se aprende a valorizar essa atividade, do jeito que nossos pais nos ensinaram"; "foi desse jeito que eles nos criaram e o começo de tudo está no respeito ao pescador artesanal".
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Jacson Anacleto, filho de família tradicional de pescadores do Malhado, superou as limitações sócio-econômicas de sua família, mas não abandonou a pesca artesanal.

Ele nos conta que vem de uma família de pescadores artesanais a várias gerações. Seu avô, conhecido como João Bagre viveu unicamente da pesca e sua avó, Aurora, pescava ostra de mergulho. Seu pai, José Anacleto da Silva, seguira o mesmo caminho e ensinou este oficio a ele e a todos os seus irmãos.
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Jacson nos conta que a canoa feita do pau de um piqui amarelo, hoje colocada na Litorânea Norte, ao lado do restaurante Siri Mole, tem um significado especial: “é uma relíquia familiar, e foi construída por meu pai há 30 anos atrás. Primeiro, ela foi batizada com o nome Itabuna, e depois de Chispita, em função da novela do SBT, de 1984".
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"Os pescadores artesanais de Ilhéus precisam de mais apoio; é preciso conhecer os problemas sociais de suas famílias, valorizar nossa história, como por exemplo, criar memoriais e museus que valorizem nossa cultura, no lugar onde sempre vivemos e estamos até hoje", complementa.

sábado, outubro 18, 2008

Acorda Itabuna

Ela é a quinta maior cidade da Bahia, e tem muitos títulos honrosos, como por exemplo, a capital do cacau e a terra natal do grande escritor Jorge Amado. Para o sul da Bahia, junto com Ilhéus, como irmãs siamesas, e inseparáveis, tendem a tornarem-se, juntas, a segunda maior região metropolitana do estado.
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Referência regional em serviços, indústria e comércio, Itabuna tem um dinamismo econômico peculiar. Mas mesmo assim, perdeu muito tempo sem buscar um modelo de desenvolvimento sustentável, corajoso, capaz de evitar que a população sofresse a maior crise sócio-ambiental de sua história, agora instalada.

É uma situação indigna para uma cidade que não é tão pobre, tornando-a num mal exemplo da administração pública ao longo dos anos. O período de estiagem deste ano, como declaramos na reportagem SOS Rio Cachoeira, evidencia que a qualidade de vida de Itabuna está intimamente relacionada a atitudes políticas, como a mobilização para a revitalização do rio Cachoeira, e de forma marcante, ao planejamento competente para o saneamento ambiental e reestruturação urbana.

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Um plano para salvar Itabuna tornou-se uma questão prioritária para o desenvolvimento do Sul da Bahia. É urgente uma reflexão profunda e um plano de metas consistentes para enfrentar os problemas que acumularam-se, sobetudo, relacionados aos serviços urbanos mais essenciais, como a indisponibilidade de água potável, déficit de saneamento, coleta e tratamento de resíduos sólidos precária e reorientação de seus sistemas viários, cujo tráfego de veículos vive um colapso.

Os canais de Itabuna é o retrato de uma cidade em plena crise sócio-ambiental. É imprescindível que esses canais sejam fechados, e isto já deveria ter sido feito há muito tempo, pois não é não se trata de uma grande obra, que exija recursos extraordinários. Mas, evidentemente, devemos ressaltar que isto não deva ser feito para mascarar a clara face da necessidade de saneamento ambiental.

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Temos consciência que Itabuna precisa de apoio do Estado e do Governo Federal, mas antes disto, precisa assumir a sua própria missão; a seriedade e a competência na administração dos recursos públicos, para aplicar os 15 milhões que ela arrecada mensalmente, segundo o site da prefeitura. Por isso, Acorda querida Itabuna, pois, a economia, a cultura e a dignidade do Sul da Bahia está intimamente relacionada com o seu futuro.
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“Os canais por onde correm esgotos e lixo é o retrato de uma cidade que vive uma séria crise sócio-ambiental. Esses canais precisam ser fechados, como no pequeno trecho da foto acima, mas isto não deve ser feito para esconder a falta de saneamento básico que castiga o Rio Cachoeira, e penaliza a população”

quinta-feira, outubro 16, 2008

Roberto Rabat, Você Vai Vencer !

Ao jornalista Roberto Rabat, devemos nossas orações e nossa corrente positiva com Deus e Nossa Senhora, que sempre esteve presente em seu noticiário, que é também Decolores. Um problema de saúde passageiro o afasta da Agências de Notícias mais lida do sul da Bahia, mas, com a mãozinha da boa medicina, e dos amigos, logo estará de volta.
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Se existe alguém nesta cidade que respeita a livre imprensa, e acredita no esforço jornalístico para mudar a realidade, este é o cara. Jonalista sem fronteiras ou barreiras, que dá oportunidades para todos e, acima de tudo, um amigo que olha por nós todos.
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Este blog só começou com o pé direito, por causa do apoio dele, que vários anos antes, já havia dito que acreditava na nossa capacidade jornalística.
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Agora você precisa de nossa oração, e nós, de orar por você. Vamos lá irmão, superando dificuldades materiais, pois temos certeza que Deus está com você, como nós estamos. Ilhéus precisa de você na ativa o mais breve possível.
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Transcrições de emails que recebi:
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Melck Rabelo.

VAMOS FAZER UMA CORRENTE DE ORAÇÕES PELA BREVE RECUPERAÇÃO DO NOSSO QUERIDO R2 (ROBERTO RABAT). O R2CPress clama por você Rabat. Volte logo! O povo de Ilhéus te ama e respeita.

recebida e divulgada por Maria do Socorro Mendonça
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OBS: ele já foi operado e já vençeu.
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O amigo Rabat, está internado no Hospital Calixto Midlej em Itabuna, teve que ser internado às pressas e precisa fazer uma cirurgia na perna... Vamos fazer ai uma corrente de orações ao amigo!
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respondido e divulgado por Rui Rocha
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é muito importante pedirmos a Deus por Rabat, uma pessoa que tem servido a esta região com dignidade, mas independente disso merece nosso cuidado e compaixão. Que o Criador da Vida atue na sua saúde. Precisamos dele conosco.

Vandalismo volta a atacar

Vândalos voltam a atacar. Desta vez, danificando os belos painéis que foram colocados nos novos pontos de ônibus da cidade. Painéis que custaram dinheiro público, e pelo jeito, não vamos poder apreciar as gravuras por muito tempo. Nem nós e nem os milhares de turistas que estão chegando nos próximos meses.
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Como já denunciamos aqui, a situação é grave, pois existem pessoas que destroem orelhões, terminais de bancos, obras de arte, que retorcem proteções e bancos de ferro, arrancam grades de quadras, e que colam todo tipo de folheteria onde quer que bem entenda.
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No mesmo momento em que tirei essas fotos, por volta das seis horas da manhã do dia 14 de outubro, flagramos um senhor colando papeis nos recém inaugurados ponto de ônibus. Discretamente fotografei o ilícito. No mesmo momento contei nove policiais militares que esperavam ônibus, em três grupos de três homens, poucos metros adiante, e nenhum deles atentaram ao fato. Não os fotografei para não constrange-los, apesar de ter consciência dos meus direitos e deveres de jornalista.
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Precisamos acordar, eu e nós todos, e não apenas nossos policiais, que, certamente não foram orientados para reprimir esse tipo de crime, mas de todo o poder público e de toda a população, que precisa defender seu patrimônio e sua cidade, assim como fazemos com nossas moradias.

Temos que mudar nossa percepção cidadã urgentemente! Existe crime mais fácil de ser combatido do que a colocação de panfletos e propagandas em locais públicos inadequados?, considerando que os mesmos assumem diretamente o crime cometido? O que pode estar faltando para que os empreendedores que usam desse recurso fútil e sem responsabilidade social, sejam punidos? Legislação?
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É necessário e urgente que toda a força policial e fiscais do município sejam orientados a reprimir a depredação do patrimônio público em Ilhéus, que vem causando prejuízos a população e desfavorecendo a transformação desta bela cidade num lugar mais humano e mais receptivo.

Aproveito a oportunidade para ressaltar que quando falamos em reprimir, não estamos falando em humilhar ninguém com algemas ou usando de violência. Chega de violência ! Uma boa polícia, na maioria dos casos não precisa nem usar as armas, pois, sua presença e atitude já será suficiente. Eu acredito na polícia como instituição e em nossos policiais como homens que precisam ser dignificados em sua honrosa profissão.

Paulo Sérgio Paiva - Jornalista