quarta-feira, março 18, 2009

Sul da Bahia chora seus mortos de DENGUE

Em apenas dois meses de 2009, doze famílias de Itabuna estão de luto por causa do arbovírus estrangeiro e perigoso, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Não é a toa que esse mosquito, que gosta das cidades, esteja se proliferando por aqui, onde não falta chuva e calor.

Desde que a dengue ressurgiu no Brasil (1981) e provocou o primeiro surto da doença, que matou 91 pessoas no Rio de Janeiro, em 2002, a doença vem se alastrando pelo país inteiro, e se tornou o mais grave problema de sáude ambiental dos brasileiros. Mas, apesar de todas as campanhas, ainda não sabemos como resolver esse problema.

É a arbovirose que mais atinge o homem no planeta - 100 milhões de casos/ano - e nos deixa vulneráveis e incertos quanto a reação do nosso sistema imunológico aos quatro sorotipos (1,2,3 e 4) do vírus, e a sorrateira febre hemorrágica da dengue (FHD) e a síndrome de choque da dengue (SCD) que apresentam taxa de mortalidade de até 10% para pacientes hospitalizados e 30% para pacientes não tratados.

A população do Rio de Janeiro no ano passado, e o sul da Bahia, nesse ano, batendo recordes, vão se revezando na contagem agressiva de doentes e mortos, e também nos inaceitáveis escândalos relacionados com o Sistema de Saúde Pública, envolvendo corrupção e negligência.


A dengue é um desafio enorme, e o seu enfretamento exige uma ação firme do governo, a participação social efetiva da população, sem distinção entre ricos e pobres, e a pesquisa aplicada para encontrar novas alternativas de combate ao mosquito, que sejam menos vulneráveis, e mais eficazes.

Esse ano a dengue acometeu mais de 30.000 pessoas no Brasil, matou cerca de 30 pessoas, das quais 12 mortos são de Itabuna. Nós sabíamos que a região estava no risco máximo de epidemia, e Itabuna registrava os maiores índices de infestação por residência. Também sabíamos que os riscos de dengue hemorrágica seriam aumentados com o contato com o vírus.

Sentimos que algo melhor poderia ter sido feito, com dotação de recursos adequada, identificação das áreas de risco e atuação preventiva com apoio do exército, isto, antes que crianças lindas e saudáveis como George Vinícius Farias (4 aninhos), Lucas Cardoso Bastos (8 aninhos), Rafael Silva dos Santos (9 aninhos) e Hanna Victória Santos Miranda (4 aninhos) fossem vencidos por essa terrível doença que ameaça o nosso povo.

Ilhéus e outros municípios do sul da Bahia já registraram mortes e estão em estado de emergência. Essa emergência é um estado que precisa ser permanente. No Rio de Janeiro, em Salvador ou no Sul da Bahia, onde o clima tanto favorece.

Esse ano, até agora, a maioria das vítimas são moradores da periferia de baixo poder aquisitivo, mas com a dengue não existem preconceitos. Por enquanto, estamos atordoados e incertos, e fazer a nossa parte não parece ser o suficiente. Infelizmente, estamos reféns do clima, evitando a circulação em áreas de risco, e comprando e trocando receitas de repelentes.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Vamos ver agora se com tanta "dengue", as prefeituras vão injetar capital em fogueiras juninas !!!!!!!!!!!

Isabel U.Ramos disse...

Boa noite,

Parabéns pelo blog.

Aqui no RJ sofremos muito com a dengue; sei exatamente o que vocês estão passando. Já perdi colegas... Enfim... Lamentável.

A luta contra este mosquito não pode parar... A dengue mata mesmo. Mas infelizmente sozinhos não podemos fazer nada.

Grande abraço,

Isabel.

Anônimo disse...

Parabéns pelas excelentes reportagens.

Tb. fui vítima da dengue, estive na UTI por 9 dias em março, 5 dias de internamento hospitalar e 15 dias de cama em casa, 60 dias do emocional arrasado e muitas perdas e a alegria de ter tido amigos que oraram por mim a Deus. Assim, fizeram com que Deus e os homens não desistissem de mim e aqui estou, sem saber ainda como intensificar minha ação de educadora, mas aproveitando todos os espaços possíveis, apelando para que a comunidade cuide do meio ambiente e colabore para minimizar os efeitos da dor de familiares que sofrem com seus parentes doentes, com os gastos advindos da doença e pela perda de seu entes queridos.

Marli Encarnação
Bióloga da CEPLAC