domingo, abril 26, 2009

Avanço do mar deve preocupar !

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Apesar da grande faixa de areia, o mar avança sob o litoral norte de Ilhéus em rítmo acelerado. A construção do Porto Internacional do Malhado agravou a situação, que pode piorar com os novos aterros em curso, e a construção do Porto Sul.
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Ano após ano, o mar avança em várias partes do litoral brasileiro, e não sabemos direito suas causas, e nem quais serão as consequências a longo prazo. Ilhéus é um dos municípios brasileiros, onde esse fenômeno vem acontecendo de forma regular, e com muita intensidade.

Aquecimento global, mudança do clima, correntes marinhas, impacto ambiental, não se sabe ao certo o que está acontecendo, e falta pesquisa e um monitoramento adequado, sobretudo, dos prejuízos que o fenômeno vem causando ao patrimônio público e privado.
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Os coqueirais tombam diante do mar aberto de Ilhéus, cuja linha de maré avança ano a ano, desbarrancando e engolindo a restinga.
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De certo, não existe uma única explicação para o avanço do mar, e são várias as suas causas. O fato é que ele está avançando em vários pontos do litoral brasileiro, especialmente no litoral do Rio de Janeiro, São Paulo e no litoral nordestino.
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As causas podem estar fundamentadas em fenômenos naturais, como o avanço e recuo períodico do mar em determinadas áreas, nesse caso, estamos apenas sendo castigados por ocupar áreas de risco e de conservação dos ecossistemas naturais. Outra causa está relacionada aos impactos ambientais decorrentes do aterro de áreas marinhas para construção de portos e expansão de zonas urbanas.


Mas, o aquecimento global é o que mais nos aflige e deve preocupar o governo e a sociedade, quanto ao futuro de cidades como Macaé (RJ) e Ilhéus (BA). Em Ilhéus acompanhamos o esse fenômeno a vinte e dois anos, e, em um trecho de 20 quilômetros, entre a cidade e a Ponta da Tulha, o mar vem invadindo a restinga em ritmo acelerado, e não sabemos prever os danos que podem provocar nos próximos anos.

Ilhéus está citada nos estudos do Macro-Zoneamento Costeiro como uma área de risco. Aqui, estamos vivenciando as várias causas desse problema, seja pelos impactos ambientais da construção do Porto Internacional do Malhado, ou seja pelo avanço implacável do mar em todo o litoral norte do município por outras causas, ainda não identificadas.
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Moradores tentam de tudo para não perder suas casas, mas o mar é mais forte, e o que parece não estar acontecendo, finalmente acontece, estrago e desolação.


                                          

No início da rodovia Ilhéus-Itacaré, o mar destruiu o passeio e cabanas, causando prejuízos à comunidade e ao projeto das cabanas financiados pelo Banco do Nordeste a pequenos comerciantes.
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Localizado nas proximidades do Porto Internacional do Malhado, o bairro ilheense de São Miguel não para de perder espaço para o mar. Três ruas foram extintas, mas, mesmo assim, uma grande área marinha está sendo aterrada atualmente no porto. Está embargada, e sua conclusão vai agravar ainda mais o drama do Bairro de São Miguel.


A casa das fotos (acima e abaixo) é mais uma condenada a desaparecer, e que seus moradores desistiram de lutar contra o avanço do mar em 2009. Vamos insistir na mobilização da opinião pública para que o porto seja responsabilizado pelos danos ao patrimônio privado que vem sendo causado. Não é imoral e ilegal que uma obra pública destrua o patrimônio material dos cidadãos sem nenhum ressarcimento?


Mais aterros e mais a situação da Baía da Barra, que  nos últimos dez anos, se tornou visível, e que se reflete na navegabilidade, pesca e vida das pessoas. O concerto custa caro.


VEJA MAIS INFORMAÇÃO SOBRE O AVANÇO DO MAR NO BRASIL NOS LINKS:

quinta-feira, abril 23, 2009

Tupinambá de Olivença

A história desse país está se reescrevendo em lugares como o Sul da Bahia, onde através dos séculos, comunidades tradicionais resistiram a todo tipo de opressão e exclusão. Os índios são um bom exemplo disto, e de um Brasil que precisa ser descoberto e compreendido.

Os índios do sul da Bahia são um inacreditável acontecimento de martírio e abadono. Um genocídio em vários massacres sanguinários ocorridos à beira mar. Um deles, em 23 de setembro de 1559, comandado e narrado por Men de Sá, resultou numa fila de corpos extendidos de uma légua de índios, uns seis quilômetros e meio.

O último massacre, no Cururupe, em 1927, que tem como símbolo de resistência,o Caboclo Marcelino, foi um duro golpe contra a Velha Aldeia dos Índios Tupinambá de Olivença. E foi "ao Deus dará" que poucos deles sobreviveram, à sombra de uma velha igreja erguida na colina.

Nós nunca nos importamos com eles, que em pleno Século XXI, ainda vivem em condições de pobreza e exclusão diante da sociedade. Por isso, vamos acordar para o desenvolvimento do Sul da Bahia, honrando e apoiando toda forma de bem estar e inclusão social dos povos indígenas que vivem em Olivença (Ilhéus), Buerarema, Una e Pau Brasil.
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Com algumas fotos, gentilmente realizadas, de uma família de índios Tupinambá de Olivença, que, em breve conheceremos melhor, continuamos o nosso Painel sobre os Índios, entendendo que é preciso que as mudanças aconteçam mais rápido para repor o atraso de nossa redemocratização e valorização desses grandes parceiros sociais.
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É chegada a hora do verdadeiro descobrimento do Brasil, um território imenso, detentor de grandes riquezas em sua cultura e natureza. Um Brasil que está começando a olhar para si mesmo, para uma integração na diversidade cultural.
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Nesse movimento estamos redescobrindo nossos compromissos com a bandeira e a pátria amada. E a salvação dos povos indígenas e consagração de sua cultura precisa fazer parte da agenda de compromissos de todos os brasileiros.
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No sul da Bahia, eles serão decisivos para o desenvolvimento de nossa sociedade, corrigindo nossas mazelas de discriminação social e as barreiras culturais historicamente impostas. Num futuro que já começou, nosso território não será apenas "a região cacaueira" ou "a terra de Jorge Amado", mas também, a terra de povos como os Tupinambá de Olivença.
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SALVE SÃO JORGE DOS ILHÉUS, SALVE O GURREIRO TUPINAMBÁ, E SALVE O CABOCLO MARCELINO, QUE DEVE SER LEMBRADO, AQUI NO SUL DA BAHIA, COMO UM DE NOSSOS HÉROIS, POR TER ENSINADO SEU POVO A RESISTIR AOS OPRESSORES.
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Eles são descendentes de índios guerreiros, que lutaram bravamente contra a invasão de suas terras, em grandes e memoráveis batalhas. Nessas "terras do sem fim" de verde e mar, restaram alguns "hérois sem terra", testemunhas de nossa história, precisando de tudo e de todos para recuperarem o lugar devido na sociedade.

A Igreja Nossa Senhora das Escadas, construída pelos jesuítas em 1700 é um dos patrimônios culturais mais importantes do Sul da Bahia e um referencial das terras e história do povo indígena Tupinambá de Olivença.

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sexta-feira, abril 03, 2009

Itacaré Verde

Dez anos depois da urbanização da polêmica rodovia BA 001, que cortou florestas entre o município de Ilhéus e Itacaré, já podemos fazer uma avaliação de seus impactos socioambientais, e isto é necessário que seja feito para que possamos corrigir erros, e reforçar os acertos em busca do desenvolvimento sustentável do Sul da Bahia.

A questionada “estrada ecológica” construída pelo PRODETUR veio acompanhada de um planejamento ambiental, criando um conjunto de áreas protegidas, como compensação ambiental. Foi assim que foram criadas as Áreas de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e Rio Almada, e a de Serra Grande-Itacaré, e o Parque Estadual da Serra do Condurú, a maior reserva protegida do sul da Bahia com cerca de 10 mil hectares. O parque foi um passo importante para a formação de um corredor de florestas e sistemas agrofloretais nessa região.
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Se o Parque foi um marco da conservação, a estrada, que também abriu essa porta, tornou-se a referência principal da primeira década de desenvolvimento intensivo do turismo no Sul da Bahia. Nesse período, como nunca antes, Ilhéus e Itacaré tornaram-se um destino procurado, conhecido e frequentado, inclusive por uma seleta constelação de cecelebridades nacionais e internacionais.
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Entre Ilhéus e Itacaré, a estrada passa pela Vila de Serra Grande, distrito do município de Uruçuca, e aí temos uma paisagem que é pura reflexão. O que havemos de pensar, quando nos deparamos com o manto verde ao longo de praias de areia branca, sob o forte azul do mar atlântico?
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Itacaré atraiu um empresariado interessado na conservação florestal para manter seus negócios com o turismo, mas trouxe consigo outros fantasmas, como a especulação e a privatização. Do ponto de vista da conservação florestal, a estrada parece ter sido boa pra Itacaré, pois no trecho ilheense, ocorre uma explosiva pressão urbana ao longa da estrada, registrando recorrentes agressões, como denunciamos em nossa reportagem Estrada Ilhéus-Itacaré: Dez Anos Depois. .

Mas a sustentabilidade do desenvolvimento não pode ser avaliada apenas pela conservação dos ecossistemas, mas pelo conjunto sócio-ambiental e econômico que se dissolve na paisagem. Ser verde por aqui é fazer justiça social com responsabilidade ecológica, o que requer uma ética comum e lideranças públicas comprometidas. .

Itacaré é um dos poucos municípios brasileiros onde a ideia de "Desmatamento Zero" vingou. A opção social pela floresta e pelo verde é perceptível e é por isso que a pequena cidade está se consolidando como referência internacional para o turismo ecológico. Mas a sustentabilidade dessa paisagem, depende, em grande parte da superação da pobreza e da exclusão social. .

Itacaré cresceu, alterando muito pouco sua vocação verde. No entanto, dez anos depois de tanta fama e badalação de luxuosos Resorts, a cidade recebeu pouquíssimos investimentos em sua estrutura. Até mesmo o passeio da avenida principal permaneceu igual, e só recentemente teve um tímido recapeamento de cimento.

Não podemos aceitar o nível investimentos públicos realizados nos anos pós-estrada, em políticas essenciais de infra-estrutura, incluindo-se aí um sistema de licenciamento e fiscalização mais eficiente.

O turismo sustentável nesse postal do verde atlântico precisa ser inclusivo, e ser um portal de valorização da cultura e tradições regionais, pois Itacaré é uma referencia para as comunidades tradicionais de pequenos agricultores, extrativistas, quilombolas e pescadores. A vocação indiscutível para o turismo e a conservação estão se tornando aliados da melhoria da qualidade de vida dessas populações.
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Nós acreditamos, que a integração dos nativos no que podemos denominar "Projeto Itacaré" pode servir de referência para o turismo sustentável do Sul da Bahia, e essa integração depende do diálogo permanente entre Nativos e Visitantes, ONG´s e Empresas, Governo e Comunidade.
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A OBRA QUE NÃO DEVIA TER SIDO LICENCIADA

As vezes, os governantes têm boas ideias, mas, por falta de uma boa acessória técnica - e diálogo, executam a boa ideia sem um planejamento correto. Assim, a prefeitura de Itacaré com recurso do governo federal (Prodetur - Projeto Orla), projetou centros de artesanato, cuja execução resultou em um grande equívoco.

A construção, agredindo o principal monumento arquitetônico da cidade, a Igreja Matriz de São Miguel e conjunto de casarões do século XVIII, que ainda se encontram em fase de tombamento definitivo, resultou em diversas ações no ministério público e no embargo da obra, que se traduz em perda de tempo e prejuízo.
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Embargada desde Julho de 2008 pelo Ministério Público e pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), à partir da ação da sociedade civil organizada, a obra deveria ter sido discutida com a comunidade, antecipadamente, e não poderia ter sido aprovada pelo Governo Federal.
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Já a arborização das ruas com espécies nativas foi uma ideia bem executada, até mesmo os jardins de tal obra embargada, especialmente aqueles pés de cacau, tão pouco utilizados em arborização urbana. A arborização urbana com espécies nativas sinaliza para o que pode ser muito bom em Itacaré, ser verde com justiça social e qualidade de vida para todos.