quarta-feira, outubro 28, 2009

O Mobilizador

por Paulo Paiva
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Eu gostaria de render homenagens ao Mobilizador, uma figura meio abstrata, que não representa a si próprio, mas que é feito de carne e osso, e tem a difícil tarefa de comunicar aos outros, um processo de interesse comum, indispensável à coletividade.

O Mobilizador deve ser o próprio Estado, a Empresa, as Organizações Sociais e a Família. Mas do que são feitas essas instituições, senão de pessoas reais no território dos pensamentos e sentimentos? Assim nasce o Mobilizador com o distintivo do fazer, do praticar o interesse na coletividade, dando a mão à colaboração, trabalhando em redes tecidas em pontos construtivos - resultados concretos das ações no tempo escasso da defesa dos direitos humanos.
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Seja esse fronte, esse movimento, oficializado ou não, eleito por vínculo empregatício ou voluntário, profissional ou leigo, remunerado ou não, o Mobilizador está a seguir, aprendendo com cada um e com o todo, para ser um interlocutor de processos necessários de construção da história do futuro.
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O Mobilizador é facilitador, orientado ou orientador, e sabe que não faz nada sozinho, mas não teme não ser ouvido em alguns trechos da caminhada dos diálogos não interrompidos.
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O Mobilizador, uma evolução do Agente Multiplicador, implica em um indíviduo ponte, alguém comum, próximo de todos nós, ainda que distante fisicamente. Sua principal ferramenta de trabalho é a educação e a informação, e as práticas que moldam o diálogo crescente, e a potencialização de nossa capacidade de resolver os nossos problemas de desenvolvimento.
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Assim espera-se construir uma política do povo - uma política nossa, capaz de não permitir que ninguém seja excluído, capaz mesmo de enxergar o campo da desproteção social, onde a ausência possa revelar e reforçar a necessidade de visibilidade.
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Esse é o mensageiro de uma nova sociedade sutentável e justa, sensibilizador sensibilizado, plantador de árvores e apagador de fogo. Assim, o Mobilizador está aí na base do processo social ativo e em movimento, no campo e na cidade, resgatando e reaprendendo o sentido de nacionalidade brasileira.

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O TERRITÓRIO REAL
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Agente consagra as vitórias, e sentimos na pele todos os dias, o suporte que temos e o que nos falta; caminhamos procurando uma sustentabilidade dos programas, e uma diração firme para o desenvolvimento. Nós, os moradores de um território compreendemos muito bem o que precisamos, em cada espaço, as necessidades do território real estão em nós mesmos, pequeno agricultor, cacaicultor, comerciante, índio, quilombola, marisqueira, os moradores em seus bairros, enfim, nesse espaço habitado que formamos.
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Essa ideia inspira a atuação regional, territorial, e a busca de sociedade sustentável, protagonistas do desenvolvimento desejado, vivenciado, compartilhado e pactuado coletivamente. Cada região precisa se reconhecer para poder dialogar com a nação e o mundo, para que não se permita ser manipulada por ineteresses alheios. Os problemas nossos, nos resolvemos, inspirados em construir o futuro agora, levando adiante as convicções acumuladas na prática solidária e democrática.
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Isto só é possível se os diferentes agentes se encontram, se existe um ponto de encontro, onde as demandas e as necessidades convergem para o enderêço dos objetivos comuns da sociedade regional. Os mobilizadores precisam se encontrar em todos os níveis, e todo diálogo se reconstruir para que as ações regionais tenham o sentido de territorialidade física e humana, politicamente reconhecidas.
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Precisamos vencer as dificuldades de comunicação, o Estado tem de articular o Estado, assim como deve fazer a Empresa, a Sociedade organizada e os Movimentos Sociais. Ainda não estabelecemos uma comunicação ideal, e sabemos como isso é difícil.
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Nesse caminho da democracia social, as cadeiras estão aí para serem ocupadas, seja no Grupo de Trabalho, Colegiado e Câmaras Técnicas do Território Litoral Sul, na construção da Lei e do Programa de Educação Ambiental do Estado, no Comitê de Bacias Hidrográficas, no movimento Quilombola, Indígena, Reforma Agrária, Mulheres, no Planejamento Plurianual dos Municípios, na Gestão de Unidades de Conservação, no acompanhamento de projetos de governo como o Complexo Porto Sul, ora debatido no Sul da Bahia, e tantos outros espaços. Com certeza, todas as pessoas têm um espaço para ocupar.
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A LEI DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA BAHIA
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A discursão de uma lei e um programa de educação ambiental é uma dessas atividades contínuas, suprapartidárias, que requer Mobilização e Territorialidade. A construção da lei estadual em uma formatação de parceria com a sociedade civil, e consulta pública em todos os territórios é um marco importante para a evolução das políticas públicas da Bahia.
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Na construção da Minuta de Lei, que diz respeito a todas as políticas de governo e a todos os setores da sociedade, enxergamos uma Bahia grande, diversa, com vários sotaques, e um único desejo: ver um texto sobre a vida, atendida em toda sua complexidade territorial, sem esquecer de ninguém, ser promulgada e tornar-se uma referência.
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Na construção da Lei e de um Programa Estadual de Educação Ambiental, o feed-back entre educação, cultura, meio ambiente, agricultura, industria e comércio, e demais setores da sociedade é essencial. Em caso contrário, mais uma vez, corremos o risco de inutilizar o conceito de regionalidade, expresso no conceito de territórios.
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TELECONFERÊNCIA

Mas será que informar, resolve os problemas do Mobilizador?
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Hoje, aconteceu uma Teleconferência Estadual sobre o Projeto de Lei da Minuta de Lei de Educação Ambiental, transmitida On Line para toda a Bahia, reunindo os 26 territorios da Bahia na construção da Lei da Minuta de Lei, agora em fase conclusiva, após mais de três anos de trabalhos da CIEA (Saiba mais - Minuta da Lei).

Mas, como aconteceu em alguns territórios, a Teleconferência, não foi bem aproveitada na DIREC 6 - Ilhéus e DIREC 7 - Itabuna, a Mobilização não funcionou, e isto foi uma lição importante para mim. Aprendi com a coragem da educadora Efigênia Oliveira, sozinha na DIREC 7 - Itabuna, se expressando para a plenária, e entendi que o Mobilizador deve ser destemido de caminhar sozinho em algum momento. Mesmo estando só, ali estava o elo, a esperança, a chama acesa. Efigênia é exemplo de educadora atenta, parceira de toda hora, uma dessas pessoas que responde aos emails e colabora sempre.
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Não posso deixar de anotar, que a vídeo conferência é um extraordinário uso de uma tecnologia de interação coletiva, de mobilizadores e articuladores dos conhecimentos e saberes. Muitos de nós já teclamos no Mensager com vídeos e convidados, mas as Salas de Teleconferência tem um potencial fantástico, para todo público, e devem ser multiplicadas em centenas, e servir amplarmente no intercâmbio, formação e empreendorismo colaborativo entre pessoas, comunidades, setores sociais, sem fronteiras.

Desta vez, a mobilização presencial não funcionou, e isto explica que mobilizar fisicamente vai além de informar. Percebemos, durante o evento, que vários territórios tiveram o mesmo problema, não todos, e que as dificuldades de comunicação foi um dos temas mais abordados, porque a lei de educação ambiental abraça a todos. Mas a teleconferência não perdeu seu brilho, e nem o seu valor histórico, e não poderia ser diferente, quando estamos falando de educação ambiental, o tema que permeia todas as grandes questões da atualidade.
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Queremos aproveitar esse momento para destacar a participação importante da imprensa, apoiando a divulgação de informações, a exemplo do Jornal Diário de Ilhéus, Site Ilhéus Amado e R2C#PRESS. Todos sabemos a importância da participação de jornalistas como aliados estratégicos para que a história não passe despercebida, e a sociedade garanta o direito a informação.

A elaboração, aprovação e consolidação de um Programa de Educação Ambiental do Estado dizem respeito a todos nós. Hoje o Sul da Bahia não foi um elo forte na corrente telepresencial, mas tem sido durante todo o processo. Isto deve servir de autocrítica, refletindo que a estratégia de mobilização precisa ser mais cativante, que a simples divulgação-democratização das informações em redes de comunicação.

Todas as informações sobre a CIEA continuarão disponíveis. O sul da Bahia tem uma importante participação na formulação dessa lei, contando com membros permanentes na comissão, tendo realizado uma das consultas públicas mais concorridas de todo o estado.
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O PROCESSO CONTINUA, FIQUE ATENTO:

LEIA TRANSCRIÇÃO DE ALGUNS TRECHOS DA VÍDEO CONFERENCIA SOBRE O PROJETO DE MINUTA DE LEI DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO ESTADO DA BAHIA.

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Lilite Cintra do ONG Gambá Bahia, uma das coordenadoras da CIEA

“lembrando que comunicação é dialogo, dialogo é escuta, e escuta é paciência para agente ouvir, e chegar em um ponto comum entre todas as pessoas.”

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Ângelo José Leite de Oliva, Diretor de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente

“eu tenho certeza que se não temos todas as respostas ainda, teremos, até porque essas respostas não são nossas, elas são construídas coletivamente.”

“esse é um processo de aprendizado, de interação, onde não estamos apenas dividindo tão somente espaço, mas estamos aprendendo um com os outros. Lamentavelmente, por vezes, agente observa, constata, que somos poucos, mas tenho uma ligeira desconfiança que estamos chegando mais rápidos. “

“isso eu repito, eu agradeço a esse processo que nos estamos estabelecendo e a sabedoria que esse fazer coletivo trás para cada um de nós. Eu tenho a convicção que dando passos sucessivos, ainda que em dozes homeopáticas, porem contínuas, agente chegue a fazer com que a educação ambiental mereça e receba o tratamento de há muito faz por merecer.”
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Berê Brasil, jornalista, ambientalista e funcionária da SEMA em Barreiras - mobilizadora do Território Oeste Baiano.

“o que eu queria deixar claro para todo mundo é que nos somos poucos mesmo, as pessoas que assumem essa responsabilidade, que vestem a camisa da educação ambiental. Mas agente pode distribuir isso para as pessoas, no tempo e da forma como for possível. Nós continuamos com problemas de comunicação, de participação, de interesse das pessoas, e principalmente, de compreensão do que significa isso, mas não estamos no caminho errado. Estamos caminhando certo, nos estamos andando de um modo coletivo, participativo, colaborativo e multisdisplinar."

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