quarta-feira, setembro 28, 2011

Antônio Ferreira da Annunciação: O Mago da Percussão

Por Paulo Paiva - Acesse os LINKS em marron para ver e ouvir mais. Clique aqui no lado direito do mouse e abra o link em nova janela, para ler ouvindo "Asa Branca", com Hermeto e Annuciação arrasando !

Um dia desses, avistei outro Gurú daqui de Itabuna (baterista Sabará), e comentei - Annunciação tá em Salvador, né? "Annunciação já morreu, só falta eu, respondeu"! Fiquei surpreso, pois sempre tenho tido notícias contrárias. Quis confirmar na internet, e nada, mas haviam pistas nos créditos da super banda "Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz", que compôs a música “Anunciação"dedicada ao grande mestre da bateria e percussão Antonio Ferreira da Anunciação, um dos pioneiros no encontro da musica da Bahia com o Jazz". Nota à parte, o disco foi considerado o melhor do 21 Prêmio da Música Brasileira 2010.


Como as homenagens nesse país, costumam ser póstumas, tendi a acreditar. Escrevi primeiro no blog: Pode um pioneiro da música desaparecer, sem o devido reconhecimento de sua obra? Depois fui investigar. Liguei para o cantor Val Macambira, e perguntei se ele sabia que o homem tinha morrido ? Rapaz, soube disso não! Acho que não! E logo desfiz o mal entendido. Annunciação está vivo, e tocando! Vários internautas confirmaram meu engano. Corrigi logo a matéria. Depois de tê-lo matado virtualmente com essa reportagem, me me senti aliviado..


Mas quem é Annunciação, com dois “n"?


Annunciação é um grande percussionista que morou em Ilhéus durante a década de 80, por dificuldades de sobrevivência, depois de uma trajetória da maior importância para a música brasileira. E se não encontramos muitas resenhas na net sobre a sua obra, vamos fazer uma. Um mestre, antes de mais nada. Mestre do berimbal, dos caxixis, do bongô... Talento nato que, uma bailarina russa viu improvisando batuques numa lata, durante sua turnê por Salvador, e resolveu carregá-lo para São Paulo, ainda muito jovem.
Em São Paulo, tornou-se músico permanente do Jean Sebastian Bar, onde circulava músicos de uma das melhores safras de artistas; figuras como Sergio Mendes, Airton Moreira, Flora Purin, Nana Vasconcelos e Hermeto Pascoal. * Preciso conferir a informação sobre o nome desse bar, já que não encontrei referências na internet.Dos bares para as luzes do teatro, estreou em “Arena Conta Zumbi”, peça de Augusto Boal, marco do Teatro de Arena, estrelado por Gianfrancesco Guarnieri, Lima Duarte, Marília Medalha, David José, Anthero de Oliveira, Vanya Sant'Anna e Dina Sfat -Prêmio Atriz Revelação do Governo de São Paulo -1965. E Annunciação, junto com Nenê eram elenco/personagem tocando ao vivo.

Atuou também em outra peça importantíssima, “Arena Conta Bolivar”, proibida pela censura militar em 1971, também de Augusto Boal, com músicas de Théo de Barros, tendo Lima Duarte, Renato Consorte, Cecília Thumim, Isabel Ribeiro, Zezé Motta, Hélio Ari, Benê Silva e Fernando Peixoto no elenco. Annunciação e Nenê tocavam bateria, ao lado de Théo Barros no violão.Com os dois clássicos, Annunciação participou de uma das maiores excursões internacionais do teatro brasileiro. Estreando sempre em São Paulo, e seguindo para temporadas no Rio de Janeiro, as duas peças-musicais foram apresentadas em Buenos Aires, Montividéu, Cidade do México, Lima e Nova York, essa última, em 18 de agosto de 1969, no Saint Clement's Theatre. Foram diversas montagens durante a ditadura militar, e remontagens que acontecem até hoje em nosso teatro contemporâneo.

A Música universal de alma negra !


As grandes participações não pararam. Do balé para os bares, dos bares para o teatro, e do teatro para o cinema. O inusitado percussionista é colhido por outros gênios de sua época, como Glauber Rocha e Hemerto Pascoal. Com Glauber, toca percussão em filmes como “A Idade da Terra” - “The age of the Earth” (veja nos créditos), e com Hermeto participa de um disco considerado um dos marcos da música brasileira: "A Música Livre de Hermeto Pascoal"Gravando com Hermeto, mudou o paradigma da percussão brasileira, elevou o status do percussionista, agora solista, e em primeiro plano. Tornou-se o primeiro a gravar em oito canais de áudio dedicados exclusivos a percussão. Nesse disco memorável, tocou bateria e percussão nos clássicos "Carinhoso" e "Asa Branca, fez solos de caxixis, berimbal (ouça seu magnífico solo com canto), e até de bacia de lavar roupa.

Annunciação adora contar passagens memoráveis, como a confusão que Hermeto armou nos estúdios da TV Globo, quando insistia em fazer seus porcos cantores (suínos) entrarem no estúdio - "Tudo veio abaixo e Hermeto gostou do som da escada caindo", brincava. O certo é, que para falar desse artista negro, que nasceu, viajou e vive hoje em Salvador, é resgatar memórias e valores da música. A música de um improvisador, sua percussão discreta e melódica, sua segurança nos compassos e andamentos mais tortuosos, e um músico que fez,e faz da musicalidade baiana, uma música livre.

Sua passagem por Ilhéus...



                                      Foto de outro grande artista: Mário Queiroz, Olivença, 1984.


Depois dessa grande fase, Annunciação voltou para Salvador, e foi trazido para Ilhéus pelo músico Saul Barbosa, com quem tocou e gravou durante vários anos. Tocou também com todos os outros músicos da região, inclusive no Trio Elétrico. Num dos carnavas, um pedestal da bateria bateu num fio elétrico na altura da Catedral - "Só ouvi o estrondo e me joguei dentro do bumbo", contava ele às gargalhadas. Um incidente que lhe deixara uma marca de queimadura no olho esquerdo. Em Ilhéus, sempre mestre amigo dos interessados por boa música, homem de sorriso largo, exibia sempre sua linguagem corporal, principalmente das mãos. Um bom contador de suas próprias histórias, sempre recheadas de metáforas sobre a universalidade, a Bahia e os valores da negritude.

No quartinho em Ilhéus, o baú cheio de bugigangas abençoadas, preciosos papeis se rasgando de suas composições, velhas e novas partituras, e mensagens espirituais, além de fotos de mulheres nuas nas paredes. Ele tinha um ciúme doido daquelas coisas estragando com a umidade, e eu querendo conservar, mas ele sempre brincou - deixa minhas coisas, você quer é ficar bilionário depois que eu morrer. Será? Espero que esse breve relato sobre o vivíssimo Antônio Ferreira da Annunciação com dois “n”, como ele frisa, sirva para valorizar mais a história de nossa música e músicos, e de referência para novos músicos, e o interesse geral pela música..

Graças a Deus, não encontrei a palavra morreu, e ele não morreu mesmo. É melhor assim, meu amigo Sabará, duvidar morte, e ficar com os astros, o batuque dos Orixás, fluindo...

quarta-feira, setembro 21, 2011

Novo Porto no Sul da Bahia não deveria ser projeto de curto prazo


LOCAL ONDE ESTÁ SENDO LICENCIADO O ACESSO AO PORTO DA BAHIA MINERAÇÃO NO LITORAL NORTE DE ILHÉUS.


TEXTO DE PAULO PAIVA E FOTO DO ACERVO DE JOSÉ NAZAL.


O Brasil vende uma mina de ferro para um empresário cazaquistanêz ganhar com o desenvolvimento acelerado na Ásia. Esta é a realidade econômica. Precisamos exportamos matéria prima bruta, minérios, madeira; trocamos minério de ferro por celular, e ainda somos fornecemos de mão de obra.


Nesse caso, o governo ofereceu uma mina de ferro, e a Bahia Mineradora comprou os direitos de exploração. Precisamos exportar esse minério com urgência, e para isso precisa encontrar alternativas rápidas, nem sempre precisas. Uma das questões que essa pressa nos atormenta, é a dificuldade de um planejamento mais detalhado, um crescimento industrial com conservação ambiental e garantia de proteção da identidade, cultura e vocações do sul da Bahia.


O que nos desperta a atenção é o projeto do Porto Sul, com toda sua concepção logística, parte da grande infraestrutura nacional de comunicação interna e externa. Mas o minério de ferro nos assusta ao assumir o carro chefe do projeto, e numa localização portuária com várias impropriedades.


Até hoje, ninguém tem certeza, quais são os níveis de impacto, como na questão da contaminação, seja nas roças de cacau, na floresta, na água doce, e nas águas do mar. Mas a maioria do povo não quer se preocupar com nada, prefere seguir a mentalidade imediatista do emprego, sem refletir o desenvolvimento de longo prazo.



Sabemos que existem alternativas de escoamento desse minério pelo Porto de Aratú, à partir do um entrocamento na mesma ferrovia. Mas se ficar claro para nós, que o minério de ferro não polui, não contamina, que a tecnologia é boa, a melhor, a mais moderna, eu acredito no Porto Sul, mas no tempo das coisas serem planejadas sem atropelamentos.


Esse Porto Sul, como foi anunciado, que prevê um nó logístico avançado, com diversas outras estruturas para exportação de diversos produtos, atraindo industrias, poderia ser instalado respeitando todas as leis ambienatais. Ainda mais acreditaria se ele estivesse pautado em um modelo de produção, comunicação e transportes de baixa geração de caborno, atraindo e irradiando um comércio limpo de toda impureza, tecnológica, ecológica ou social.


Assim sendo, as coisas acontecendo no tempo certo, com a transparência necessária dos impactos, poderíamos ter um Porto Sul sem enganos que podem trazer graves consequencias de longo prazo, como nos trouxe o Porto Internacional do Malhado.


Seria muito bom, sonhar com um trem, também, de passageiros, o bem mais valioso, nos religando à amazônia. Uma ferrovia e um porto que concontre uma alternativa locacional, que utilize mais o ecossistema como referência para o planejamento territorial, evitando desmatar.


O médio prazo é requerido também, para que a região possa ser preparada com a infraestrutura urbana e a dinâmica social necessária para a implantação de um projeto dessa envergadura, sem causar transtornos a população.



Precisamos de um tempo diferente do rítmo do minério. Existem traçados de menor impacto para a vegetação e a paisagem na faixa no litoral entre Ilhéus e Una. E, se a indefinição das terras com os índios for o problema maior, que o impasse seja resolvido, antes. Os recursos envolvidos nesse projeto, certamente, poderiam ajudar a equacionar essa questão.


Sabemos que Ilhéus tem o determinismo geográfico ideal para um grande porto, mas as tecnologias, e os impactos precisam se adequar à nossa realidade. Não queremos repetir o passado, quando construímos um porto que a população soubesse dos impactos que aconteceriam depois, e nem desejamos um porto que venha a não ter importância para a exportação quando o minério acabar, como hoje acontece com o nosso porto internacional "do cacau".


Não podíamos imaginar o desenvolvimento de um porto só com o cacau, e nem podemos em um porto só para o minério de Caitité, bem não renovável e finito. Cabe ao governo nos mostrar o planejamento do Porto Sul, além da transitoriedade do porto da Bamin, coisa que foi feita.

Paulo Emílio: Uma resistência Autêntica ao Porto de Minérios

Paulo Emílio é uma daquelas pessoas simples, e cheia de bons sonhos, que, como tantos outros, escolheu um lugar bom de se viver, produzir, ser feliz, e atuar como elo da corrente cidadã pelas melhorias sociais que faltam no paraíso da Vila da Juerana.



É como ele sempre diz: "somos uma vila pobre e abandonada, temos necessidades de todos os tipos, mas eu desejo que a gente consiga atender essas necessidades sem perdermos essa identidade, e o patrimônio que desfrutamos".

Na Vila Juerana que sonhou, protagonizou o fortalecimento da Associação de Moradores e lutou pelos benefícios sociais para a vila que ninguém se importava, recriou o Festival do Guaiamum e tornou-se Conselheiro da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e Rio Almada.


Paulo Emilio foi personagem de frente, questionador, mobilizador, limpo e convicto de seus ideais comunitárias, contra o Complexo Porto Sul desde que foi anunciado em 2007. Já são quatros anos de luta por concientização da sociedade e de nossos governantes sobre seus impactos, onde ele traduz, por convicções, um personagem invensível.



A Juerana é uma pequena vila de ribeirinhos, muito conhecida em Ilhéus pela culinária exótica, especialmente do Guaiamum, crustáceo abundante no local. Paulo vive aí há muitos anos, onde montou uma oficina de placas com maderia reciclada para pousadas da região e emprega jovens da comunidade. A Juerana que ele vive hoje é calma, tem um dos melhores pontos para se banhar no rio Almada e é promessa de grande atrativo turístico para a região.



Como um dos conselheiros da APA da Lagoa Encantada e do Rio Almada, atuou bravamente contra o projeto do porto na Ponta da Tulha. Com a mudança de localização, agora a vila dos seus sonhos é atingida em cheio. Aquela fotografia bucólica do rio Almada que se contempla agora, corre o risco de se transformar na paisagem de uma gigantesca ponte transitando intermitantemente, minério de ferro.



O conselho da APA, que eu também fazia parte, questionou o projeto da ferrovia e do porto aos empreendedores, em reuniões sempre acompanhadas pelo governo, e chegou a ser unânime quanto a forma impositiva que o estado apresentava quanto à realização dos projetos. Eles afirmavam que os empreendimentos já estava aprovado pelo estado, e que, os conselheiros seriam um fórum consultivo, e não deliberativo, então, nada poderia decidir, senão contribuir na área ambiental.



Na reunião seguinte, acompanhando esse raciocínio, os conselheiros apresentaram ao Governo do Estado, uma infinidade de sonhadoras medidas mitigadoras, condicionantes e compensações. Mas, Paulo Emilio estava lá, pedindo explicações sobre o projeto, e tentando convencer a plenária a anular a reunião anterior, e desfazer o engano.


Como a maioria segui a mesma linha de propor condicionantes, tornou-se implicito que, nessa reunião, estávamos dizendo sim do projeto, e assim, o governo conseguiu o que queria: o aval do conselho gestor da APA, antes de encaminhar o projeto ao IBAMA. Um aval sem valor deliberativo, mas com muito mais força representativa e legal.




Eu sei que o aval do conselho se tornou uma grande mágoa para Paulo Emílio, pois, no final das contas, os conselheiros da APA tornaram-se aprovadores do porto na sua primeira localização, projeto regeitado pelo IBAMA. Esperamos que os novos conselheiros, recém-eleitos, tenham aprendido com os erros passados, e estejam mais atentos às manobras de licenciamento, que atropelam seu próprio ritual, e impedem que sejam dialogados com os principais interessados, os munícipes.





ALGUMAS INFORMAÇÕES ENVIADAS POR PAULO EMÍLIO:

O problema que a localização real desse PROJETO chega ao litoral na nossa VILA JUERANA. A sua linha passa a 250m da minha residência .

Para os que não conhecem o nosso litoral o distrito de Aritaguá se estende antes da Vila de Aritaguá(km 5) e termina na Vila de Ponta do Ramo(km 26). Dentro desse distrito, além da Vila de Aritaguá(km 7) encontra-se a Vila de Juerana(km 9 ao 14)(PORTO doKM 9 ao KM 10), Areias(lagoa encantada)(entrada no km 14+ 14km estrada de terra) Ponta da Tulha(km 20), Mamoam(km 22), Retiro, Aderno,(km 20+10km estrada de terra) Ponta do Ramo(km 26) e várias outras localidades menores.

terça-feira, setembro 20, 2011

Porto da Bamin terá Audiência Pública em 29 de outubro



Texto de Paulo Paiva - Fotos utilizadas do acervo de José Nazal e Fábio Coppola


Extraordinária paisagem do litoral norte de Ilhéus, ativo socioambiental e econômico, que trás inúmeras representações para a identidade e o desenvolvimento sustentável do sul da Bahia nas próximas décadas pode alterar seu destino.

O projeto do Porto da Bamim em Ilhéus vai a audiência pública pela segunda vez, agora para apresentar o relatório de impacto ambiental dos estudos realizados para sua construção nas proximidades de Aritaguá.A empresa se sente mais confiante, já que a ferrovia oeste-leste obteve Licença de Instalação, que inclui um trecho pela região cacaueira até o bucólico litoral norte de Ilhéus. Evidentemente,que esse é um trecho indefinido, afinal, não existe a licença para um novo porto. Existem no projeto, possibilidades de entroncamentos com outras ferrovias, evitando o tráfego de minérios pelo sul da Bahia.

Mais uma vez, a localização insiste na bacia do Almada, dentro do mesmo corredor de Unidades de Conservação, comunidades tradicionais e turismo já estabelecido, não alterando a proporção dos impactos, nem a incontestável controvérsia com a legislação ambiental. O Porto Internacional do Malhado, em Ilhéus, 40 anos de impactos, passa por problemas técnicos e logísticos, enquanto o governo prioriza a construção de um novo porto. 

O projeto do Porto da Bamin não é uma prioridade para o sul da Bahia, pelo menos a curto prazo; e o transporte e manipulação de minério de ferro ainda acompanha um grande temor quanto aos seus impactos, que podem afetar desde a lavoura do cacau e seus trabalhadores à fauna marinha e os pescadores.

Existe um problema de planejamento, como nos projetos de novo aeroporto, parques industriais e zona de processamento e exportação, concebidos em um ecossistema frágil, úmido e com intensa circulação hídrica. A pressa com o projeto nacional faz o governo emitir decretos sem um aprofundamento necessário e com uma visão territorial de menor impacto no ecossistema, e à sociedade.

     


Na nova localização, uma ponte de acesso e um porto maiores e mais próximo de Ilhéus, devem intensificar os impactos de movimentação de areia e assoreamento do rio Almada.

O erário público, e a empresa Bahia Mineração, que não não pode ser culpada por investir em uma área indicada pelo estado, são quem pagam os custos desses equívocos. E temos insistido que as implicações ambientais nessa área são tão atenuantes, que trará restrições e custos adicionais para os investidores em médio e longo prazo, caso sejam licenciadas.

     

É bom lembrar, que posicionar-se contra a localização do Complexo Porto Sul no litoral sul de Ilhéus, temos quase três décadas de luta para que ele seja melhor administrado pelo município, e conservado para as futuras gerações. É uma ideologia que nasceu antes do porto, e é uma questão de compromisso e ética, que extrapola qualquer interesse individual, ou partidário.

Ilhéus tem prioridades e urgências intransferíveis para que possamos continuar se desenvolvendo, e atraindo investimentos nos próximos anos, como já estamos.

O governo comprovou no seu próprio diagnóstico de alternativas locacionais, que o litoral ao sul de Olivença é a opção de menor impacto ambiental, e está área pode se interligar com extensas áreas desmatadas ao oeste de Itabuna, onde deveriam ser implantadas zonas industriais, em um planejamento mais territorial. Nesse modelo. visando ativos ambientas, e não, passivos ambientais, estariamos reflorestando áreas degradadas e não compensando áreas a serem desmatadas. 

Faltando menos de mil dias para a Copa do Mundo estaríamos mais felizes se pudéssemos comemorar um cronograma firme para a duplicação de nossa principal rodovia, o semi-anel rodoviário completo,a nova ponte, a orla urbanizada, um novo hospital, e porque não, uma nova Vila Olímpica, mas a inversão de ordens de prioridades regionais, nesse caso, estão sendo atropeladas pelas urgências financeiras.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Pequenos agricultores apavorados com o projeto do Porto





A mudança de localização do Porto Sul da Ponta da Tulha para a localidade de Aritaguá não altera o temor que sente as comunidades tradicionais sobre os impactos negativos que serão provocados, caso o IBAMA autorize a obra.


As instituições presentes e a imprensa observaram na reunião de hoje, que existe uma forte rejeição ao projeto por parte dos moradores locais. Eles são gente simples, assentados, familias tradicionais dessa região, e dizem sentirem-se intimidados, e apavorados com a possibilidade de exílio obrigatório. Afirmam também que o Porto Sul não atende seus interesses, e que os coloca em uma situação desesperadora.

Moradores relatam a luta e a crença que têm em suas atividades, e, sobretudo no amor que têm pelas terras, tradicionalmente ocupada por agricultores, dentro de um modelo que se harmoniza com a conservação da natureza.



São muitos os relatos de que sinalizam para os valores imateriais, como a história dos lugarejos, a história dos mais velhos, as lutas coletivas, o espaço comum trdicional não apenas para os moradores, a amizade, os laços culturais, os vinculos de identidade, a identidade territorial, etc.

Os moradores criaram uma comissão, reunindo todos as comunidades da região. Eles entendem que não estão sendo ouvidos no processo, e que as falsas notícias que o projeto foi tem deixado as comunidades apreensivas.














O Bispo Diocesano da Igreja Católica do sul da Bahia caminha apoiando a luta dos pequenos agricultores, "seguindo a própria igreja, que deve estar do lado dos mais mais pobres, e dos excluidos da sociedade.



















segunda-feira, setembro 12, 2011

Concurso de Vídeo CACAU/CHOCOLATE: Os riscos das votações virtuais!

CONCURSO INTERNACIONAL DE VÍDEO NA INTERNET SOBRE O CACAU/CHOCOLATE

Na série de eventos do Goethe Institut Bahia sobre o Cacau/Chocolate, uma das atividades é um concurso internacional de vídeo que tem muito a nos mostrar sobre as varias historias do cacau no planeta, e da universalidade cultural do chocolate.

Nos documentários, é possível notar o sentimento de propriedade que tem os mexicanos com as raízes do chocolate, como herdeiros do patrimônio cultural dos Astecas. Em países da África e Asia, como Gana e Nepal, o pertencimento social do fruto que trouxe união e solução, uma mão amiga contra a pobreza.

Mas os documentários do sul da Bahia mostram que só aqui. essa lavoura penetrou nas veias do povo e se transformou em história, memória, cultura popular e erudita, manifestação da arte e de nossa identidade.

Do sul da Bahia são 6 concorrentes, e caberá aos internautas escolher os 20 melhores da coletânia, dentre 34 inscritos. Na fase seguinte, um júri especializado vai eleger os três vencedores do prêmio em euros.

Mas, uma votação pela internet pode ser um problema para que os melhores permaneçam na competição. Dos concorrentes, o vídeo “Do Outro Lado”, realizado por uma classe de alunos da UESC, extrapolou as votações, inicialmente, atingindo 45% dos votos, enquanto 90% dos demais concorrentes marcavam 0, 1, 2 ou 3 %.

Pode existir arte de um programador sabidinho, afinal conseguir cerca de 3.500 votos em três dias é uma façanha e tanta, mas acredito que isto demostra a força que possuem as mídias e redes sociais, especialmente, quando os jovens se mobilizam.

Mas queremos uma causa justa, e essa grande votação do doc. “Do Outro Lado” poderá vir a ajudar outros bons vídeos que falam do sul da Bahia a permanecerem na competição, e participarem da coletânia dos 20 melhores.


Vídeos nossos como o "Chocolate da Mata Atlântica", "Manjar dos Deuses" e "Afinal o que é cabruca?", esse último também produzido pela UESC, merecem passar para a segunda fase. Vale lembrar que a quantidade de votos na internet não interferirá no julgamento técnico do jurado especializado, segundo o próprio edital.

Também, outros documentários, estrangeiros, importantíssimos para compreendermos a universalidade do cacau e do chocolate, como "Cacahuatl" , "Cacao fuer die Goetter", "Keep Smiling with Cocoa", "O Reino do Chocolate" e "Mujeres do Chocolate" merecem chegar entre os 20, e a maioria está com 0 ou 1% dos votos validados.

Enquanto isso, alguns dos vídeos menos expressivos do elenco de concorrentes, como “Não Resista”, e, “Pecado Perdoado”, estão com grandes votações, emparceirados com "Do Outro Lado", que reflete os milhares de internautas, culturalmente semianalfabetos, dão mais valor ao bizarro, do que aos conteúdos que não levam à reflexão.

Confiram se estou errado, assistindo nossas melhores produções, bons vídeos do concurso, e os vídeos que ganham votos de internautas descomprometidos. Tudo facinho, direto pro yutube:



DEPOIS DE ASSISTIR, CONFERIR, VOTE AQUI


DOC "Do Outro Lado", que disparou merecidamente no inicício do ranking do concurso:

Do outro lado / (UESC) http: www.youtube.com/watch?v=sqAyIRdBKGE

TRÊS DOS NOSSOS VÍDEOS MAIS BEM PRODUZIDOS QUE MERECEM CHEGAR:

Chocolate da Mata Atlântica
http://youtu.be/ARgRFJWlufs

Manjar dos Deuses http://
www.youtube.com/watch?v=6fwu4MtdcDU

Mas, afinal o que é cabruca?
http://youtu.be/eX-yTph6ZDM

VÍDEOS QUE MERCEM ESTAR NA COLETÂNIA DOS VINTE:

Cacahuatl http://
www.youtube.com/watch?v=hJhjIwyOXqw

Cacao fuer die Goetter - Auf der Suche nach dem Cacao der Azteken
http:// www.youtube.com/watch?v=ALmBBkiW8rM

O Reino do Chocolate
http://www.youtube.com/watch?v=nXTPLKzgPX0

Keep Smiling with Cocoa
http://www.youtube.com/watch?v=vVi52jVWrKQ

Mujeres do Chocolate http: www.youtube.com/watch?v=Qpg01DuOkZ8

VÍDEOS EM PRIMEIRO E SEGUNDO LUGAR QUE DEVIAM SAIR:

Pecado Perdoado http:// www.youtube.com/watch?v=m95HiM_OwOY

Não Resista http://www.youtube.com/watch?v=Y8cHoDbynn4

O Cacau e o Chocolate pelo Mundo do Vídeo

Na série de eventos do Goethe Institut Bahia sobre o Cacau/Chocolate, está sendo realizado um concurso de vídeo que tem muito a nos mostrar sobre a universalidade do cacau, que temos como parte de nossas história e gerações.

É possível notar o sentimento de propriedade que tem os mexicanos com a história do chocolate e suas raízes sagradas, como herdeiros do patrimônio cultural dos Astecas; também, a visão que tem os asiáticos e africanos do fruto do ouro como uma solução, uma chance de se viver melhor e de se libertar da pobreza.

Podemos observar também que só no sul da Bahia essa lavoura tem o sentido de formação socio cultural do século XX. E entrou em nossa cultura de muitas formas, desde sua forma mais erudita a mais popular, fundindo-se com nossas referências históricas, sociais e ambientais.

Os internautas escolherão os 20 melhores, que serão julgados por um júri especializado, declarando os três vencedores. Os nossos merecem chegar.

domingo, setembro 11, 2011

11 DE SETEMBRO de 2001: 10 ANOS DE DOR E ESPERANÇA



O 11 de setembro não foi apenas uma tragédia, mas 2.983 tragédias pessoais, familiares, íntimas. Quantos e quantos, ombros amigo, coração partidos, heróis de outros e de si mesmo. Quantos filmes poderemos ainda fazer, mais do que já fizemos sobre cada reflexo que vem da nossa compaixão com as vitimas desse episódio, que marca uma das maiores reflexões de nossa história sobre a intolerância entre os povos.

Um barbárie, fruto do rancor de outras guerras, e o mundo, um só, precisa fazer o diálogo em todos os sentidos, o diálogo inter-religioso, o diálogo cultural, o diálogo social, ambiental, econômico e político.

A humanidade precisa encontrar o caminho da unidade dos profetas, da vida verdadeira que recebemos para viver, e essa vida é de amor, é o que temos para passar para as futuras gerações como o patrimônio sagrado, e dele nascerão todos os outros bons sentmentos e boas atitudes para que o reinado humano deixe de viver desarmonizado.

sábado, setembro 10, 2011

Chocolate da Mata Atlântica



Uma inciativa extraordinariamente importante para refletir mais sobre nossa história e valores. O projeto Metamorfoses d Cacau, do Goethe Institut Salvador-Bahia promoveu um festival de filmes de cinema, uma exposição fotográfica, e agora, um festival de vídeo com a riquíssima temática do cacau e do chocolate.

Uma grande oportunidade de reflexão para os habitantes da região cacaueira, título que precisamos honrar. No 1º Concurso Internacional de Vídeos na Internet sobre o Cacau/Chocolate, uma grande oportunidade de intercâmbio, que vai muito além da técnica audiovisual, e mergulha na globalização dos nosss sentimentos.

Numa iniciativa da VÍDEO LIFE e o ator José Delmo, e parceria do ECO EStÚDIO entrou na competição o vídeo “Chocolate da Mata Atlântica, com dez minutos de duração. Um vídeo que mistura documentário e ficção, e enaltece a Mata Atlântica, e a criação de uma cultura grapiuna à partir do cultivo do cacau.

O vídeo pode ser assistido no youtube, onde você encontra o link de votação na página do concurso. Por questões técnicas, a página ainda está com o downloud muito lento aqui, já que foi construída na Alemanha; então, para votar, espere a página abrir e, para votar em Chocolate da Mata Atlântica, clique no Vídeo 6.

LINK PARA VOTAÇÃO: VÍDEO 6 - VOTE NA FLORESTA E NA NOSSA CULTURA

http://www.goethe.de/ins/br/sab/prj/wet/vid/ptindex.htm

segunda-feira, setembro 05, 2011

Memórias do Rio Cachoeira




CONHEÇA O PROJETO PARA LEMBRAR UM DOS MAIS BELOS E CASTIGADOS RIOS DO BRASIL!

http://www.memoriasdocachoeira.com/

Convivi muitos anos com os indígenas: Aimorés, Tupiniquins, Guerens e outros que a memória não me deixa lembrar. Eles me chamavam de “kekata”. Nas minhas águas se pescava até de mão; era tanto “maham” que não dava pra contar: tilápia, rubalo, pitu, curuca e muitas espécies que faz tempo que não vejo.

Nas minhas margens tinha paca, tatu, jacaré e sempre apareciam umas onças pintadas pra beber água... Mas tudo mudou em 1535. Foi quando Sua Majestade D. João III assinou, lá pelas bandas de Portugal, a Carta Régia.

Dias após esse decreto chegou em minha foz um homem chamado Francisco Romero, que vinha tomar posse dos 300 quilômetros de terras doadas por Portugal, juntamente com seus donatários e ouvidores da Capitania de São Jorge dos Ilhéus. De 1553 em diante começou a exploração das minhas águas, chegaram homens perversos como o Capitão João Gonçalves da Costa e João Amaro, que subiram além do Banco da Vitória matando todos os índios que encontravam pela frente. Ele matou muitos dos meus amigos em minhas margens... Me sujaram de Sangue!

Os novos vizinhos saiam em expedições buscando chegar à minha nascente. Achavam que eu vinha das Minas Gerais!

Minha mãe se chama Colônia e nasce na serra de Ouricana, na cidade de Itororó. Meu pai se junta a ela lá pelas bandas de Itapé, se chama Salgado. Em Ilhéus eu tenho dois irmãos: o Santana e Fundão. Juntos formamos a dita Coroa Grande.

Passado este momento turbulento e triste, juntamente com os frades capuchinhos começou a chegar gente de tudo quanto é lugar. Sergipano, libaneses, europeus e africanos, que formaram vários povoados, dentre eles: Banco da Vitoria, Cachoeira de Itabuna, Ferradas, Cachimbos, Catolé e outras.

O comércio na região era basicamente agrícola, mas muito intenso, se plantava de tudo: arroz, feijão, cana de açúcar, cacau, fumo, frutas e verduras, produtos que chegaram a ganhar medalhas de ouro nas exposições de Viena, Turim e na corte do Brasil.

A produção era tão grande que, no Banco da Vitória, foi criado o primeiro porto fluvial para escoar o que se produzia: era barco subindo e descendo. Nessa época, descobri que os “cara pálida” não eram tão ruins como os primeiros que conheci. Estes que aqui chegaram em 1857 em meio a mata desbravada. Eram homens de muito trabalho, que passavam dias na lavoura em busca do desenvolvimento do arraial de Tabocas.

Surgiu, então, o vilarejo de Ferradas. Foi nessa época que iniciou o meu relacionamento com o que viria ser a minha amada Itabuna, que até então era chamada de Tabocas. Foi amor à primeira vista! Conheci homens de punho forte como Firmino Alves, migrante sergipano que chegou por estas bandas em 1857.

Firmino Alves foi o responsável pela discussão em torno da participação política do lugar diante de Ilhéus, dado a sua importância. Essas aspirações de autonomia motivaram o memorial assinado em 10 de maio de 1897 por Henrique Berbet Júnior, Manoel Misael da Silva Tavares, Ramiro Lidefonso de Ararújo Castro, Plínio Cardoso do Nascimento, José Fulgêncio Teixeira, Manoel Pereira Né, Henrique Felipe Wense, José Nascimento Moreira, Domingos Pereira da Silva, Hermínio de Figueirêdo Rocha, Pedro Prudente da Costa, Theodolino João Berbet e José Firmino Alves solicitando ao Conselho de Ilhéus a sua autonomia e conseqüente a elevação à categoria de Vila. Apesar das razões, o pedido foi negado.

Nove anos depois, nova mensagem! Agora encabeçada por Firmino Alves - que prometia doar os terrenos para os edifícios da intendência, cadeia, fórum e o que mais fosse necessário – ela foi encaminhada diretamente ao governo do Estado, subscrita por um terço do eleitorado, solicitando a criação do município, quando este já contava com arrecadação superior a dez contos de réis e uma população estimada em 10 mil habitantes.

Em 13 de setembro de 1906 a lei n°. 692, foi "assinada pelo Governador José Marcelino de Souza e José Carlos Junqueira Ayres Moreira" desmembrando do município de Ilhéus da Vila de Tabocas, constituindo-a novo município e dando-lhe o nome de Itabuna.
Precisamente a 23 de novembro foram instalados a Vila e o Termo de Itabuna. A luta prosseguiu para transformação da Vila em cidade e conseqüente desligamento da Comarca de Ilhéus, o que veio a acontecer através da lei 807, de 28 de julho de 1910, sancionada pelo Governador João Ferreira de Araújo Pinho. A instalação ocorreu, solenemente, em 21 de agosto de 1910. Seu primeiro governante - denominado então intendente - foi o Engenheiro Olinto Batista Leone.
A partir daí, Itabuna cresceu e se desenvolveu rapidamente, e eu, aos poucos, fui sendo esquecido e utilizado apenas como um objeto. Hoje usado, modificado e sujo tenho em minhas margens esgotos sendo despejados durante 24 horas. Para muitos sou apenas um canal, para outros apenas paisagem, lembranças de um passado que não volta.

Mas continuo meu curso, amando e admirando Itabuna, sendo para alguns sustento das famílias e para outros atração turística quando, por um milagre, aparece em minha margem uma capivara com seus filhotinhos. Minhas lembranças são de muita vida, vida esta que está sendo tirada aos poucos."

(Adaptação: Victor Aziz)