segunda-feira, novembro 26, 2012

Licença Prévia do IBAMA para o Porto Sul dispara o sinal de alerta vermelho na conservação da natureza.

Apesar dos pesares, o IBAMA vacilou e desconstruiu sua missão institucional de órgão licenciador independente, e principal referência para o cumprimento da lei ambiental, ao emitir uma licença sinalizando sua permissão para que uma mega transformação ambiental ocorra em um pólo avançado de proteção da biodiversidade da Mata Atlântica.

CONFIRA AS LICENÇAS: 
 Licença Prévia                       Condicionantes

Não adiantou a lei, os códigos ambientais, a relevância ecológica, nem tão pouco, a opinião de pesquisadores das principais universidades brasileiras, nem o alerta das organizações sociais e ambientais. O IBAMA se rendeu às urgências dos programas de governo, e inaugurou oficialmente uma nova era das condicionantes e compensações ambientais, capazes de transformar o mais feroz dos lobos na mais dócil ovelha.

O Porto Sul nunca poderia ter sido pensado, sequer imaginado no litoral norte de Ilhéus, se houvessem boas intensões socioambientais nesse projeto. Nesse lugar, existe um mosaico de ecossistemas de extrema raridade e vulnerabilidade. É uma área costeira marcada pela presença da água doce e dos ecossistemas úmidos, e que possui altíssima vulnerabilidade ambiental. A opção litoral sul foi considerada a melhor do ponto de vista ambiental, mas em nenhum momento do processo de licenciamento, o IBAMA requereu as provas técnicas de sua inviabilidade. Isto ocorreu porque eles sabiam que o motivo de se afastar da melhor opção ambiental era a demarcação das terras dos índios Tupinambás, que, no mínimo, atrasaria o processo.


O Porto Sul escolheu o pior local, que além de promover o maior desmatamento de Mata Atlântica e Cabruca já licenciado, causará danos irreversíveis, alterando o rio Almada, a linha do mar, provocando grandes assoreamentos e grandes impactos urbanos durante a sua construção. Quando começar sua operação, estaremos enfrentando riscos de poluição e de contaminação do ar, da água doce, dos rios, manguezais, da água salgada, mar e praias. Ilhéus está pagando o pior dos preços do desenvolvimento, que é dispensar a razão em função do cifrão, repetindo as mesmas loucuras que já fez duas vezes no passado.

Na primeira, construiu um porto dentro de uma baia, a do Pontal, onde os navios tinham que fazer zig zag entre pedra e bancos de corais, e depois, construíram um porto para desfigurar a cidade, assorear suas duas baias principais, e ainda sem pensar o acesso. Tudo feito sem visão de cenário de futuro, tudo feito na ilusão, do cacau ou do minério de ferro, que agora quer ferir gravemente o paraíso ecológico da união, da coletividade.
Sinto-me decepcionado com o rumo das coisas. Como cidadão ilheense, desde adolescente, estava alinhado com a defesa desse litoral extraordinário (Veja Aqui). Não sou um investidor, nem tão pouco um ambientlista fanático ou radical, apenas tenho uma crença que esse porto trará degradação ambiental a uma paisagem socioambiental de valor extraordinário.

Um ecossistema delicado, praias limpinhas,, barrinhas de agua doce,  brejos e japaras, mata altas de restinga, bichos raros, parques e áreas de proteção, muitos projetos ambientais e muito investimento e fama de lugar destacado pelo seu estado de conservação muito bom.

Por tudo isso, eu não imaginaria que, justamente um carioca, homem da terra que me ensinou a valorizar as belezas e as ciências naturais, viria a se tornar governador do meu estado para desconstruir esse sonho verde, esse talento brasileiro insubstituível que repousa nesse pequeno trecho de costa..

Nesses quatro anos, me alinhei com todos os que acreditam na informação. Registrei o máximo, dei de mim de coração. Foram dezenas de reportagens, entrevistas, divulgação de documentos, e, sobretudo, reflexão; permanente reflexão para entender os tempos em que estamos vivendo. Reveja AQUI.

Diante dessa licença, agora, mais do que nunca, precisamos estar a postos para acompanhar, tstemunhar e defender o bem comum, nesse sul da Bahia, cujo povo precisa ser merecedor das grandes dádivas que recebeu.

quinta-feira, novembro 08, 2012

UESC debate o lixo nosso de cada dia


CONVITE DA ORGANIZAÇÃO

É com enorme satisfação que informamos que encontram-se abertas as inscrições, e submissões de trabalhos, para o V Seminário de Estudos de Impactos Ambientais (SEMEIA) a ser realizado no auditório Paulo Souto, entre os dias 12 e 14 de Novembro de 2012, na Universidade Estadual de Santa Cruz, abordando a temática "Resíduos Sólidos".

Nessa edição teremos como abertura a palestra do renomado Jornalista Washington Novaes, colunista dos jornais impressos "O ESTADO DE SÃO PAULO" e "O POPULAR", e também consultor de jornalismo da "TV CULTURA".

Teremos a imensa satisfação em tê-los novamente semeando as ideias para um mundo sustentável.


Atenciosamente,

Comissão organizadora.


CENAS DE SUJEIRA DIGNAS DE FOTOGRAFIA
Sujeira, dificuldade de organizar o sistema de coleta, buracos negros no funcionamento, e a omissão da população faz de Ilhéus e Itabuna, fortes concorrentes em ranking cidade mais suja.

Recentemente Itabuna foi destaque nacional com um mundo de lixo jogado à revelia nas margens de seu contorno rodoviário. Já em Ilhéus, a coisa é pior ainda. É a cidade mais suja da região, e ainda ainda recebe toneladas de lixo em seus manguezais e praias, através do rios que desembocam no município, especialmente o rio Almada e o Cachoeira.


É oportuno destacar que, mesmo sendo um grande problema socioambiental dessa região, e que está diretamente relacionado com índices altíssimos de contágio da perigosa DENGUE, e ainda, que sem o conscientização da população não dá pra enfrentar o problema, somos carentes de  campanhas de conscientização. Pude sentir essa diferença quando voltei a morar em Ilhéus, pois na cidade do Rio de Janeiro, senti esse esforço da COMLURB de promover a informação e a educação ambiental sobre os resíduos.

Aqui, nem a TV, nem o rádio, nem as prefeituras e nem as empresas de lixo, mas sempre tem uma andorinha aqui e ali tentando fazer verão, e renascer a reflexão coletiva.Sã iniciativas como a do professor Armando Lucena da UESC, a Associação de Surf e outros da sociedade civil que anualmente tentar tirar o tema do escuro, e realizam mutirões simbólicos em alguma de nossas praiascom os poucos voluntários da consciência.

Quanto à presença de Whashington Novaes, só alegria, e um enorme prazer de tê-lo em Ilhéus. Ele é cara, papa, pioneiro, o incentivador e importante referência para todos os que se buscam a comunicação e o jornalismo ambiental.



sexta-feira, novembro 02, 2012

Goethea: Homenagem a Goethe que vem de Ilhéus.


   Tem riquezas que passam despercebidas, e que são esquecidas, ainda que sejam extraordinárias. Quando eu percebi que uma planta coletada no início do século XIX em Ilhéus é celebrada até hoje como uma referencia das flores brasileiras em várias partes do mundo, e que ela vive anônima e ameaçada em Ilhéus, mergulhei com entusiasmo nessa revelação, e em todas as obrigações de conhecer e ajudar na conservação dessa flor. 
   Exclusiva de Ilhéus, tem o nome envolvido com celebridades. Foi descoberta pelos viajantes naturalistas, mais especificamente coletada em Ilhéus pelo príncipe Alexander Philipp Maximilian zu Wied-Neuwied em 1816, e descrita pelo famoso botânico Christian Daniel Gottfried Nees von Esembeck, primeiro diretor do Jardim Botânico de Bonn, e com a participação de Carl Friedrich Philipp von Martius. Seu nome foi publicado em homenagem ao ícone do romantismo alemão, Goethe. Nas palavras de Nees von Esembeck: "a única planta que tem o nome do famoso escritor Joannh Wolfgang von Goethe". A planta foi ilustrada e também está nas primeiras edições da Flora Brasiliense. 
  No rastro da Goethea encontrei um tesouro, e uma história que sobreviveu nos jardins botânicos por todo o mundo, e que também teve momentos gloriosos no Brasil. Nas comemorações do centenário de morte de Goethe em 1932, Roquete Pinto e Alberto Sampaio do Museu Nacional plantaram uma Goethea na sede da Acadêmia Brasileira de Letras nos jardins do Petit Trianon no Rio de Janeiro. Antes do plantio, o ilustre botânico Alberto R. Sampaio fez um célebre discurso sobre os valores botânicos e culturais que nos inspiram o antigo gênero Goethea.
   Desaparecida por mais de um século, a Goethea foi redescoberta em Ilhéus em um grande projeto do Centro de Pesquisas do Cacau, Jardim Botânico de Nova York e Kew Garden de Londres, durante a década de 90. Agora constatamos que se encontra ameaçada de extinção, enquanto cultivares originados dessas plantas sobrevivem desde o Havaí até o Tahiti como referencias das flores do Brasil. A Goethea é uma embaixatriz do Brasil, mas por aqui, e na floresta é ignorada, e ainda não despertamos para o seu grande valor como patrimônio ecológico e histórico-cultural brasileiro, e da humanidade.
   Resolvi acreditar na mensagem dessa flor de que precisamos despertar um novo olhar para a floresta, e refletirmos Goethe, quando diz "do que adianta olhar sem ver?" Por isso, estudar, salvar e promover o seu cultivo é uma obrigação nossa, e uma questão de honra, obrigação e inteligencia.