quarta-feira, outubro 23, 2013

Borras de petróleo aparecem em praias do Sul da Bahia: A Petrobrás chegou!

O alerta está no Facebook no Grupo de Serra Grande:
Atenção: Borras de Petróleo e aves mortas na praia do Sargi! 

Já aconteceu em 2008 (fotos abaixo), vazamento de óleo de um navio. Limparam o que puderam, pois no mangue não se lima tudo, mas nunca sabemos qual foi a embarcação que originou o vazamento. Hoje, soube que estão aparecendo borras de petróleo fresco em praias do sul da Bahia, e pra mim isto soa o alerta geral.

Está chegando ao sul da Bahia aquela que é a maior poluidora do Brasil: A Petrobrás. Ela é quem mais polui, quem mais paga multa (uma das poucas que pagam) e também que mais tem dificuldade de resolver seus problemas ambientais.

Vazamento de 2008 em Ilhéus.
Na minha caminhada conheço a bastante tempo os tropeços da Petrobrás, por exemplo, na Baia da Guanabara, onde reincidem problemas antigos como os que eu vi, vinte anos atrás na Refinaria de Duque de Caxias, e ainda hoje persistem. A Petrobrás é boa de cartilha, EIA-RIMA e multa paga, mas dinheiro sozinho não faz milagre. É preciso prevenir com controle social e transparência de todas as informações que nos interessam saber para que possamos zelar a qualidade de nosso mar, baias e manguezais. Nós, que somos os grande interessados em proteção e qualidade de vida aqui.
Um dos litorais mais bem conservados do Brasil precisa
 de atenção redobrada com a chegada da PETROBRÁS.

Vazamento de 2008 em Itacaré. 



Então vamos se preparar para exercer cidadania, monitorando e fiscalizando a empresa, pois se não houver cobrança, vamos ficar vulneráveis, vendo acidentes acontecerem, respostas eles não virem com a celeridade esperada, e correndo riscos piores, que, sem informação, nem imaginamos. Precisamos exigir essa informação, e informação fidedignas e das fontes corretas.

Abaixo transcrevo um pequeno texto, relatando um novo vazamento que observou, e ainda não temos nenhum pronunciamento das autoridades ambientais ou da empresa.

O Petróleo é nosso ?
Texto de Rui Rocha

Hoje está fazendo 9 dias que borras de petróleo ainda frescos foram parar na nossa costa. As praias de Serra Grande, Itacaré, Marau, Pratigi, Morro de São Paulo, Ilhéus... os ventos fortes de sul dispersaram uma imensa quantidade de petróleo, que chega às praias como bolas pretas, sujando os pés do banhistas e trazendo contaminação para o litoral. Mangues, restingas, corais, o fundo do mar... No domingo passado, ao ver o acidente no litoral, ligamos para a Petrobrás, alertando para o ocorrido. Desde aquela data apenas soubemos que o serviço de Ouvidoria da Petrobrás acusou o recebimento da notícia, e estaria investigando o responsável pelo dano.

O litoral Sul da Bahia sofre deste mal desde os anos setenta. Estamos em 2013 e um problema aparentemente simples não é resolvido pela indústria do petróleo. As suspeitas em geral recaem sobre os navios petroleiros que trafegam em nossa costa e ao entregar o petróleo importado, lavam os seus porões em alto mar. Pode ser também alguma plataforma de petróleo na costa - como a British Petroleo, a Petrobrás, ou a Queiroz Galvão - ambas atuando neste litoral. 

O Brasil não apresenta ainda um sistema de controle deste tipo de acidente. Quando ele escandaliza a sociedade através da imprensa, órgãos ambientais se mexem e cobram das empresas de petróleo uma imediata solução. Quando são eventos de baixa repercussão, empurramos o assunto para debaixo do tapete, que no caso são as areias do mar. Infelizmente. A Agência Nacional do Petróleo - ANP deveria ser mais firme com as empresas de petróleo, constituindo um fundo de segurança para proteger o litoral deste tipo de agressão. 

E, cobrar de modo mais rígido a limpeza dos porões em ambientes portuários capacitados para tal, como reza a legislação. Navios costumam desobedecer esta regra, passando a conta para o oceano e o litoral. Um absurdo que teima em continuar, seja com a Libra (bacia petrolífera em evidência com o leilão da ANP e a polêmica com a Federação dos Petroleiros) na mão dos brasileiros ou de empresas internacionais. O Petróleo é nosso ? Sim, especialmente o que vem parar no nosso litoral, sem responsáveis definidos. Triste.

terça-feira, outubro 22, 2013

Parque Nacional Serra das Lontras


Ele é o único Parque Nacional do Bioma da Mata Atlântica na região cacaueira, e representa um avanço diante do passivo de proteção florestal nessa região, onde enganosamente o cacau-cabruca costuma disfarçar e desculpar a avançada degradação de nossas florestas remanescentes, que são hoje, pequenas manchas isoladas. 

O Parque Nacional da Serra das Lontras abrange parte do Complexo Serra das Lontras e Javi e possui 11.342,69 hectares. Junto com a Reserva Biológica de Una, também federal, formam o Corredor Ecológico Una-Lontras, ao sul de Ilhéus. Lembrando que, ao norte de Ilhéus temos o Corredor Ecológico Esperança Conduru, referenciado pelas riquezas extraordinárias entre o Parque Municipal da Boa Esperança e o Parque Estadual do Conduru. 

Quando falamos em Corredor Ecológico, não estamos falando na exclusão do homem, como requer as áreas decretadas parques ou reservas, mas incluí-lo de todas as formas sustentáveis de se produzir qualidade de vida e uma economia forte aproveitando as qualidades e potencialidades regionais.
 
São serras refúgios com trechos de remanescentes da antiga floresta, já que o cacau-cabruca também subiu as serras. No trabalho de pesquisa "Complexo de Serras das Lontras e Una, Bahia: Elementos naturais e aspectos de suaconservação" ( Sociedade para a Conservação das Aves do Brasi, Iesb e BirdLife International) podemos entender melhor a importância para a conservação da biodiversidade do planeta que tem as florestas remenescentes do sul da Bahia:

"O conhecimento da biodiversidade das matas da região é ainda incompleto. Grande parte dos estudos refere-se às áreas de terras baixas e apenas recentemente foram publicados trabalhos com informações sobre a região serrana do sul da Bahia, incluindo Boa Nova e a Serra das Lontras. Esses estudos confirmam a ideia de que as florestas de altitude abrigam um complexo faunístico importante e diverso daquele conhecido para as áreas de terras baixas da região. Os trabalhos também revelaram a ocorrência de táxons novos de diversos grupos e reforçaram o conhecimento de que a fauna e a flora das áreas mais elevadas possuem mais afinidades com as espécies das matas de altitude do sudeste brasileiro do que com as matas de terras baixas adjacentes. Apesar da elevada importância biológica, as serras do sul da Bahia estão apenas parcialmente protegidas em uma unidade de conservação pública, a Serra do Conduru, e algumas reservas privadas como a Serra Bonita e a Serra do Teimoso.

Está dado o recado para conhecer o nosso primeiro parque nacional, e relíquia do futuro. O Parque Nacional Serra das Lontras, melhor não chamar de PARNA, que é feio, e vem dessa moda-maníaca das abreviações, sempre enrolando a informação e seus fins educativos. Parna só serve para afastar mais ainda as pessoas do conceito de um Parque, que no Brasil não são preparados para cumprir umas de suas funções sociais que é o turismo. Não é assim nos Estados Unidos, na Costa Rica e em muitos outros países. 
Para obter mais informações sobre ele, podemos procurar pelo seu Gestor, o Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO) que está localizado no Escritório da CEPLAC/SUEBA, na Rodovia Ilhéus-Itabuna km 22, em Ilhéus. O email é  parnaserradaslontras@gmail.com e o telefone para contato 73 3214-3041.
A conservação da biodiversidade da terra passa decisivamente pelo Sul da Bahia.
           Olha ele aí, o raríssimo pássaro que conseguiu sobreviver na Cabruca.
No reino dos pequenos riachos e cachoeiras.

sexta-feira, outubro 11, 2013

CAPITAL ESPECULADOR GOVERNA ILHÉUS

Ilhéus ainda não tem um planejamento estratégico para as próximas décadas, e corre o risco de se prostituir facilitando projetos mal planejados. Pode até ser bom pra uns, mas não será para a maioria da população. Mas como já me reclamaram dessa reportagem, é bom deixar claro: Que venha o shopping para Ilhéus, mas no lugar, e da forma correta. (Foto:José Nazal)
Do jeito que as coisas vão, mais parece que o capital especulador é quem governa (ou desgoverna) o município de Ilhéus. Quem entende e se interessa por gestão pública e planejamento urbano e territorial, ou tem um bocadinho de conhecimento sobre os desafios do município de Ilhéus precisa reconhecer que estamos vivendo, o momento mais crítico de nossa história, e precisamos de uma posição, e de uma liderança consciente disto. Estamos abrindo mão da governança, do pertencimento, e não somos - nós mesmos, os autores e protagonistas do planejamento de nossa lugar, enquanto os interesses passageiros ocupam o  espaço do planejamento participativo. O que vemos é uma linha de projetos pensados por "macianos" em um filme que nos sugere:  "Aceitar e silenciar".

Vivemos na "casa da mãe Joana" onde quem planeja é o governo do estado, e grandes corporações que aspiram lucros, e se beneficiam com a insegurança de municípios em crise e prefeituras falidas. A conivência do executivo e legislativo municipal é a mesma para o novo morador de barraco que destrói o mangue para ficar mais perto da comida e do emprego, ou o empresário que destrói e imobiliza a cidade para facilitar seus negócios. 

Nesse tipo de cenário temos um campo fértil para a corrupção e beneficiamento de pequenos grupos, que nos afastam cada vez mais dos excluídos, e criam exclusão. Estamos de bunda pra lua em uma cidade repleta de irregularidades, onde os instrumentos de gestão urbana, obrigatórios por lei e políticas de governo não são postos em prática. Ilhéus se colocou a venda a preço de banana, e tornou-se um lugar fácil de se beneficiar com o bem público.

Enquanto isto, o futuro continua dependendo de um planejamento com base técnico-científica, orientado pela participação e pela modernidade. Carecemos de um caminho de participação inteligente, legítima e ética nas decisões sobre nosso bem comum. Estamos ignorando o planejamento urbano de qualidade. E enquanto o poder executivo e legislativo não entrar em cena com personalidade, continuaremos a ser a cidade mais agredida do litoral brasileiro. As decisões de agora terão impactos por décadas, e não devem ser orientadas por um olhar simplificador e imediatista, sem uma lente de médio e longo prazo. Não podemos tapar um buraco, abrindo outros tantos. Vamos seguir os exemplos de outras cidades que estão dando certo em suas estratégias. Vamos superar a crise com o triunfo da qualidade de vida consolidada, e não permitir o atrapalho nesse meio de caminho entre o passado e o futuro.

Eu gostaria de dizer um monte de palavrões, mas prefiro desejar que todos os meus colegas, também façam o bom uso da palavra, através do jornalismo com reflexão, e ajudem Ilhéus. A notícia precisa ser acompanhada da reflexão, e não deve apenas reproduzir a mensagem dos "releases". É preciso apurar, questionar, comparar, monitorar e promover a verdadeira reflexão que a informação sugere, pois só assim poderemos opinar e participar. É preciso fazer isto antes  que nos encontrarmos presos em um congestionamento, e reclamando. 

Desejo, e "convoco" meus colegas jornalistas a serem críticos e resistentes em nome do interesse do povo, pois a imprensa calada seria o pior reflexo dessa crise. 

O ABSURDO DO PROJETO FANTASMA DE UMA NOVA PONTE

O projeto e o processo de construção da nova ponte Ilhéus-Pontal é emblemático. Não há consulta pública,  e nem sequer é necessário apresentar um projeto aos ilheenses. Como pode, nem o prefeito saber qual é a ideia? Isto fica claro nas informações contraditórias que são divulgadas pela assessoria de imprensa da prefeitura. É um absurdo completo que uma obra seja licitada, sem que seja apresentada em detalhes aos principais interessados. Tem semelhança aos projetos da ditadura militar, como o Porto Internacional do Malhado. Eu fico sem entender tanta falta de transparência, e assim, devemos esperar pelo pior, como já anunciou o flagelo vergonhoso do afogamento dos quatro trabalhadores, logo no início da obra. Não foi mais um acidente, mas um sinal claro que está tudo errado, nós todos, o processo e nossas instituições. 

CAPITAL IMPACIENTE NÃO ENXERGA IGREJA

No dia em que eu vi o bispo Dom Mauro pedindo a empresários para não destruir a Capela de Fátima em Ilhéus, pensei: Que bobagem! - Como o bispo pode imaginar uma coisa dessas? E logo anunciaram que respeitariam a igreja, mas passado alguns  dias, sabe como é, dinheiro por dinheiro, o cão do lucro atenta, e veio uma nova notícia: Vão demolir o Santuário! 

Os empresários capitalistas da saúde desistiram de abrir mão daquele espaço, que é tradicional para as Senhoras de Caridade de Ilhéus? Nem acredito, e se for verdade é mesmo lamentável. Chego a temer pela ira divina contra o salutar empreendimento. É falta de fé receber uma notícia dessa no ano do Centenário de umas das Dioceses mais importantes do Brasil. É imoral demais, e pior será, se a Diocese aceitar contrapartidas econômicas, pois nessa racionalidade econômica, despida de valores intangíveis, a tradição e história das pessoas não têm tanto valor assim, e podem ser compensadas com dinheiro. 

SHOPPING CENTER ONDE?        
     
Qual o sentido de nossas universidades públicas e privadas, e seus cursos voltados para o futuro, se não pomos em prática o conhecimento? 

É evidente que o Estádio de Futebol Mário Pessoa, como o aeroporto atual não têm como se adequar a reengenharia e reurbanização de Ilhéus com o foco na mobilidade e melhoria da qualidade de urbana. No entanto, pensar um Shopping Center aonde temos um nó de mobilidade tão difícil de desatar é muita falta de criatividade, sobretudo quando estamos pensando uma Região Metropolitana. Pesa também que esse Estádio não é privado, eu sinto como se fosse meu - nosso, e que tem uma finalidade social adquirida. Trata-se de um espaço nobre, que poderia servir ao incremento de um projeto tão solidário, senhores vereadores, como é, para o povo, um campo de futebol. 

Antes de pensar no Shopping do Iguatemi, seria justo anunciar o destino do Instituto Municipal de Educação, que alias, por ética, é quem deve ser o primeiro a ter o direito de ser beneficiado com a desativação do estádio. Por que não pensamos em derrubar aquele velho prédio e construir uma super escola pública com sua própria vila olímpica. Porque não fazemos isso, e não botamos lá um monumento em homenagem a Milton Santos, e criamos , com isso, um grande marco  cultural e social para nossa terra? Afinal, o que somos? Que tipo de credibilidade devemos dar a uma informação que trata o destino de nossa mais tradicional escola pública como secundário em relação a  um projeto empresarial? A notícia sai invertida em favor do capital, e contra a educação, e se esquecem até de dar uma satisfação sobre onde, e quando e como será a nossa nova Vila Olímpica, ou vivermos todos desse centro de compras chamado shopping center?  

Espaço pra ele não falta.Temos diversas e as mais variadas opções, e se querem no centro da cidade, temos uma excelente área para ele no terreno sub-utilizado da Petrobrás na Cidade Nova, onde é possível deslumbrar um super shopping verticalizado com dois pisos de garagem, e de quebra uma das maiores vistas do Brasil. E como também é público, bem do povo, precisaria negociar uma grande contrapartida. Que tal ajudando a construir a grande escola que merece o Milton Santos, a Perpetua Marques e o Heitor Dias? 

PRÉDIO DA T.R.E. BAHIA NA AVENIDA ESPERANÇA: BURRICE

Não faltam casos que demostram falta completa de bom senso e preocupação com o planejamento urbano da cidade de Ilhéus. É incoerente e chegamos a desconfiar da capacitação dos que decidem algumas intervenções urbanas em Ilhéus. Enquanto caminhamos para o colapso da mobilidade, pouco tempo atrás, permitimos a construção de um prédio do Tribunal Eleitoral em uma avenida estrangulada (Avenida Roberto Santos-Bairro Esperança), na beira do rio, de costas para a deslumbrante paisagem histórica do Parque da Esperança e Rio Itacanoeiros, num belo terreno de uma bairro pobre onde faltam espaços de mobilidade, cultura, lazer e entretenimento. É absurdo e tem implicações deixar de dar um uso estratégico para o bem da comunidade e o povo em geral. 

PORTO SUL, MANGUEZAIS E INVASÕES.

De que adianta falar tanto em novas universidades e graduações em gestão, se não estamos dispostos, e nem temos espaço para colocar o conhecimento e a ciência em prática; se somos obrigados a assistir decisões precipitadas ao invés de decisões estratégicas. Temos a sensação de estamos desgovernados ou manipulados por quem possa se beneficiar dessa incoerência. 

Queria xingar pelas invasões da Estrada Ilhéus - Itacaré, das quais só foi removida a que aconteceu em área privada. Depois de todos os acordos públicos que ouvi e li, acertados em nome da licença do Porto Sul, vejo tudo caí por terra, ainda tão cedo. Nada impede as invasões em área´pública e de preservação permanente e todo o entorno da área prevista para o projeto; promovidos de forma política, e por pessoas que não são necessitadas de primeira moradia.

Ilhéus está violenta, triste e vulnerável, e a invasão de áreas públicas tornou-se um processo indefinido e caótico. Não sabemos aonde vamos, e as informações que chegam nos confundem e nos angustiam ainda mais . Querem mais um exemplo fresquinho de hoje mesmo? Semana passada os munícipes foram informados pelo Diário de Ilhéus que a BA 415, nossa principal rodovia será duplicada no mesmo eixo, hoje, Cezar Borges, Ministro dos Transportes voltou a dizer que é será pelo lado direito do rio Cachoeira. É um ruído de comunicação impressionante...