quarta-feira, novembro 25, 2015
quarta-feira, novembro 18, 2015
Meu Pé de Cacau
Ilhéus é a terra do cacau, e nem
adianta querer versar sobre isso, pois além de alguns dos maiores escritores
brasileiros, temos de quebra, o maior contador de histórias do Brasil, o ator do "Teatro Macuco", José Delmo. Mas tem uma coisa em Ilhéus, além da Praça do Cacau que lhe marca a
identidade de forma especial, que é o amor pelos pés de cacau.
O Theobroma cacau foi sempre ornamental, e aqui ele ganhou as praças,
passeios, quintais e um lugar de honra no jardim principal. Adveio a crise, a
desvalorização do fruto, mas nada mudou em nossos corações, e os pés de cacau ainda
continuam embelezando a cidade de Ilhéus, e tomara sejam para sempre admirados
como símbolo de nossa história.
Você verá em breve aqui, uma
série de fotos que mostram que a árvore de cacau continua em alta no coração
dos Ilheenses. A foto a seguir é de um cacaueiro que foi cortado, mas com
certeza foi por necessidade. Outros serão plantados.
Invasão na APA da Lagoa Encantada e do Rio Almada destaca a necessidade de ordenação da ocupação territorial em Ilhéus
Ir à Lagoa Encantada e voar sobre a APA nesta semana para novas fotos exclusivas revelou uma ocupação irregular escandalosa, que que até agora se manteve muito silenciosa. Durante a segunda audiência do EIA-RIMA
do Porto Sul, a promotora pública da Bahia, Doutora Aline Valéria Archangelo
Salvador apontou que era fundamental que políticas públicas antecedessem a instalação do complexo. Três anos depois, aconteceu muito pior que o imaginado, e as localidades previstas inicialmente para um aeroporto e novo porto tornou-se alvo de uma invasão de movimentos populares. São áreas públicas, e algumas delas, impróprias à ocupação.
As invasões na APA
da Lagoa Encantada e Rio Almada se apresenta como um manifesto popular, e uma forma
de ocupar, e questionar a sociedade. Um ato coletivo de ocupação de áreas públicas, e de conservação, e não devemos esquecer que na mesma região, muitas propriedades privadas, também estão invadindo áreas de uso público, e descumprindo a legislação ambiental Alguns devem ter a necessidade, mas é notório que outros se aproveitam da oportunidade.
É surpreendente o tamanho do que se apresenta como um “novo
bairro”, uma frente de quilômetros de invasões às margens das rodovias, e várias bandeiras de movimentos sociais. Um lugar sensível, envolvendo APP`s, se expande como uma frente aberta sobre a mata raríssima remanescente em cordão arenoso. Algumas ocupações não pouparam sequer às margens do pequeníssimo riacho que formam a
barrinha do Joia do Atlântico.
O debate entre os interesses
econômicos, o público e o privado pode ser relativo, mas a conservação é um
direito da coletividade, sem condicionantes. É contundente que o poder público executivo,
e o legislativo ilheense defina claramente qual o modelo de uso e ocupação do
solo no litoral norte de Ilhéus, e comunique a população as suas decisões. Existe uma frase sobre essa APA do
saudoso Coronel Guilhardes de Urucutuca em nosso vídeo sobre a Lagoa Encantada,
que não me sai da consciência: “É preciso dizer ao povo o que é certo e errado,
o que pode e o que não pode fazer”. O modelo Joia do Atlântico
precisa ser alvo de reflexão pela nossa sociedade. É possível planejar e
definir um plano de ocupação que garanta a qualidade que ainda temos no futuro,
e com toda a pressão especulativa que atraia esse litoral. Precisamos pactuar
um plano diretor, socialmente aceito, justo, democrático, e mudar a situação atual.
Mexer nas matas ciliares dos
riachos que formam nossas barrinhas, não pode. Não podemos mexer em mata
remanescente, sem definir sua estratégia local de sobrevivência, não podemos
ocupar aterrado rio, como não podemos admitir loteamentos, e outros
empreendimentos, que não assegurem na forma da lei a proteção de remanescentes compensatórios.
Não deixemos de criar um mosaico de vegetação nativa protegida formando
corredores biológicos, mantendo as águas, os guaiamuns, a nossa paisagem cheia
de riqueza. E ricos, ou pobres, temos que cantar o verso de Ivan Lins: Depende
de nós!
Invasão é organizada espacialmente, mas a frente não tem fim. |
O novo bairro na APA merece reflexão da sociedade sobre as regras da ocupação do solo em Ilhéus |
Surge um novo bairro popular na área próxima ao local inicialmente previsto pata o novo aeroporto de Ilhéus. |
A falta de uma norma, exigências e reclamação tronou normal a abertura de áreas protegidas com o uso do fogo. |
Um plano diretor deve ordenar a ocupação em todo o município. |
Inadmissível ocupação do riacho do joia do Atlântico |
É dever do poder público definir e ordenar a ocupação do solo. |
Joia do Atlântico - Barrinha ameaçada |
Riacho continua a ser agredido |
um novo bairro surge: Quais os seus limites? |
Áreas de matas estão sendo suprimidas, perda cega sem compensação. |
O modelo Joia do Atlântico precisa ser repensado |
O debate das classes, o publico e o privado se somam nessa reflexão. |
Os Principais Impactos da Ferrovia Oeste-Leste na Hileia Sul Baiana
Apesar da crise generalizada no setor, se Ilhéus vier a ser o destino
final da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL), revise os impactos mais preocupantes.
Eles ocorrem desde a sua construção e continuam impactando ao longo dos anos de
operação da ferrovia. É pontual, semipermanente e impacta de forma diferente
cada lugar por onde passa. O traçado da ferrovia Oeste-Leste (FIOL) percorre em
maior parte o semiárido com sua vegetação típica, e um trecho bem menor adentra a floresta semi decidual e ombrófila na região cacaueira do sul da
Bahia, onde se teme os maiores impactos. O rio de Contas é o grande personagem
do trajeto da ferrovia, e acho pessoalmente que ela passa muito próximo
ao seu leito, em suas cabeceiras e na região da cidade de Jequié. Também muito próxima da cidade.
É depois de Jequié que a ferrovia
projeta-se para entrar na província atlântica, áreas consideradas de interesse para
a proteção do bioma da Mata atlântica. Os impactos foram discutidos em
audiências, mas poucos sabem sobre eles.
Durante as obras, a supressão de
vegetação é a primeira grande preocupação. O impacto da extinção é o pior e o
mais grave, e o primeiro na lista de prioridades. Erros podem ocorrer, e existe
essa tendência pelo pouco conhecimento desse ecossistema. Uma espécie nova e
ainda desconhecida, uma comunidade importante, distinta e específica, ou o nicho
diferenciado de alguma espécie pode passar despercebido. É preocupante porque não
se tem certeza absoluta da identidade dessa fauna e flora, e uma espécie rara
pode ser uma erva de aparência comum. Por outro lado, é impraticável um
trabalho botânico minucioso, e certificado cientificamente sobre o que está
sendo retirado do ecossistema. A mitigação é democratizar a informação, e
ampliar a participação, ante cada cem metros que se autorize avançar a ferrovia
pela hileia, e suas roças de cacau.
O segundo grande impacto seria a
criação de uma barreira biológica, o que vale para qualquer ecossistema. Isto
faz pensar em toda a cadeia alimentar, desde a onça, os bandos de caititu, no
que diz respeito da comunicação genética entre grupos de animais já reconhecidamente
ameaçados, e todos os outros. Pequenos atalhos sob a ferrovia podem não ser
suficientes. Como foi dito em audiência que a presidente Dilma pediu o uso das
tecnologias mais modernas, creio que deveríamos ter trechos bem maiores de ferrovia
suspensa. Quando falamos na barreira, também estamos falando de centenas de
caminhos de pessoas, burros, trabalhadores que terão a mobilidade alterada.
O terceiro grande impacto é o risco
de poluição e contaminação. Não é preciso ser inteligente para não desejar que centenas
de vagões de minério de ferro passem em frente a sua casa, seu bairro ou sua
roça de cacau e banana. O que preocupa em primeira ordem é a possibilidade ou
probabilidade de pó de minério se dispersar de alguma forma, aumentando o
impacto sobre todo o ecossistema biológico, e social do entorno da ferrovia.
Também existe, sobretudo, nesse trecho com topografia e condições climáticas
mais adversas a possibilidade de um acidente com os vagões, e suas
repercussões.
O quarto impacto está relacionado
às águas, e aí é preciso ampla fiscalização e todos podem ajudar caso vejam
alguém barrar a água doce em sua terra. Saiba a engenharia, e as melhores
tecnologias permitir que toda a água circule, e drenar adequadamente as áreas impermeabilizadas.
A chegada da ferrovia sobre uma delicada bacia hidrográfica formada por
centenas de veias, e próxima à Lagoa Encantada aumenta geometricamente as
possibilidades de contaminação das águas.
Um último impacto pode se dar no campo mais amplo da identidade cultural, a figura da hileia, da região cacaueira, e é preciso tomar cuidado para que a associação ao minério não comprometa a imagem e qualidade do cacau do sul da Bahia, que vem sendo conquistada com grande luta coletiva.
Um último impacto pode se dar no campo mais amplo da identidade cultural, a figura da hileia, da região cacaueira, e é preciso tomar cuidado para que a associação ao minério não comprometa a imagem e qualidade do cacau do sul da Bahia, que vem sendo conquistada com grande luta coletiva.
Supressão de vegetação nativa nessa região requer extremo cuidado |
O traçado da ferrovia se aproxima muito do rio de Contas |
Esse processo precisa ser transparente |
A ferrovia segue o rio de Contas desde o cerrado |
Intervenção é histórica |
Ferrovia atravessa dezenas de roças de cacau |
Qualidade e imagem do cacau do sul da Bahia não pode ser prejudicada |
terça-feira, novembro 17, 2015
O Avanço da FIOL na Mata Atlântica
Em 2013, registrei as primeiras imagens do avanço da Ferrovia Oeste-Leste para seu traçado
final, entre o último cacto e o primeiro pé de cacau sob o bioma da Floresta
Atlântica no sul da Bahia. O registro foi feito no município de Gongungi, e
trás as primeiras impressões da linha do trem que está projetada para cortar e
dividir o sul da Bahia no meio.
Agora, com mais um decreto presidencial referendando a construção do Complexo Porto Sul, como uma obra de interesse nacional, as licenças
para a ligação final da ferrovia com Ilhéus começam a se tornar realidade física. Esta semana observei novas imagens nas redes sociais de obras da ferrovia, que denunciavam aterro de brejos.
Como jornalista, gostaria de registrar cada canto, cada lugar dessa hileia, cada metro quadrado, cada árvore suprimida, e verificar se está sendo feito direitinho, pois precisamos saber tudo o que aconteça com essa mata rara. Estamos diante algo muito sério, uma intervenção histórica que mudam as coisas, primeiramente, no meio ambiente. Esse patrimônio só nosso, a última floresta higrófila do leste oriental do Brasil, essa raríssima floresta de tabuleiro, refúgio repleto de espécies exclusivas e endêmicas.
Uma ferrovia penetrando essa ilha verde, a hileia sul baiana em sua potencia máxima, e o histórico e pouco conhecido ecossistema onde cultivamos o nosso cacau é uma questão altamente delicada para quem acompanhou os estudos do projeto. Se está acontecendo as obras, é preciso olhar de frente a realidade, o impacto no ecossistema ecológico e social é o que interessa.
Como jornalista, gostaria de registrar cada canto, cada lugar dessa hileia, cada metro quadrado, cada árvore suprimida, e verificar se está sendo feito direitinho, pois precisamos saber tudo o que aconteça com essa mata rara. Estamos diante algo muito sério, uma intervenção histórica que mudam as coisas, primeiramente, no meio ambiente. Esse patrimônio só nosso, a última floresta higrófila do leste oriental do Brasil, essa raríssima floresta de tabuleiro, refúgio repleto de espécies exclusivas e endêmicas.
Uma ferrovia penetrando essa ilha verde, a hileia sul baiana em sua potencia máxima, e o histórico e pouco conhecido ecossistema onde cultivamos o nosso cacau é uma questão altamente delicada para quem acompanhou os estudos do projeto. Se está acontecendo as obras, é preciso olhar de frente a realidade, o impacto no ecossistema ecológico e social é o que interessa.
É preciso acompanhar o cumprimento das condicionantes, e entender a obra é um direito de todos. Não vejo outro caminho para enfrentar os novos desafios, e honrar os acordos públicos do EIA-RIMA, sem a participação. São os nossos pertences, o bom e o ruim, o lucro e a perda, o investimento na obra, e a reparação de danos. A ferrovia é uma mudança histórica, e, apesar de ela ser considerada um importante vetor de desenvolvimento para o Brasil, ela é uma contundente barreira ecológica dentro da galápagos verde do sul da Bahia.
Imagem nova das obras da ferrovia que circulam nas redes sociais. Abaixo o registro de 2013. |
sexta-feira, novembro 13, 2015
Bataclan de Ilhéus foi uma homenagem a Paris
Nome vem de uma opereta do cantor alemão Jacques Offenbach |
Na noite de 13 de novembro de 2015 a casa de espetáculos Bataclan francesa foi palco de um atentado terrorista quando decorria um concerto da banda norte-americana Eagles of Death Metal. O ato foi executado por quatro terroristas, dos quais três se suicidaram com explosivos e um foi morto pela polícia. O ataque fez parte de uma série de ataques simultâneos em Paris e às proximidades do Stade de France, local onde ocorria uma partida amistosa entre as seleções da França e Alemanha. Proprietários judeus e festas pró-Israel podem ter motivado a escolha do local.
Foi imortalizado na obra de Jorge Amado, e representa mais uma aliança simbólica entre os ilheenses e os franceses, além do chocolate.O Bataclan de Ilhéus, essa terra que é também feita de imigrantes Sírios e Libaneses, que há muito tempo fogem da guerra, tem sido conservado. É um Patrimônio histórico Cultural da cidade, e está em funcionamento com um museu, restaurante e espetáculos teatrais e musicais.
O nome vem da música francesa do romantismo de 1855, uma das primeiras operetas do cantor francês nascido na Alemanha, Jacques Offenbach. Faz parte das operas da "chinoserie". Você pode ouvir aqui com a soprano Monique borrelli na Opéra au village Pourrinères, em 2007, ou, leia mais.
Bataclan de Paris, em 2008. |
Bataclan de Paris, em 1900. |
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